✧ Saindo de cena ✧
Não sei por quanto tempo fiquei desacordado. Pude perceber que me deslocaram de lugar. Eu não estava mais no armário.
Havia horas que via minha mãe ao lado. Outras vezes, vi até a minha avó. Na maior parte do tempo fiquei completamente apagado.
Foi então que senti uma brisa suave passar por mim. Abri meus olhos. Eu estava confortavelmente deitado em minha cama, ainda no mesmo quarto. As portas da varanda estavam abertas, com as cortinas dançando suavemente por conta do vento. Não havia ninguém além de mim. Já era dia.
Tentei me levantar e reparei na minha mão esquerda. Estava com um curativo de tamanho considerável abaixo do pulso. Olhei para o lado e vi uma bandeja com café da manhã intocado por cima da escrivaninha. Não estava com fome. O desânimo por saber que ainda me encontrava neste quarto maldito me tirava qualquer sensação de fome ou até mesmo ter energia para sair do lugar. Mas eu tinha que pelo menos levantar da cama para tentar me livrar daquilo.
Assim que me apoiei sobre os cotovelos, notei um movimento perto de uma das cortinas. Ao olhar com atenção, congelei na hora.
Era a tal garota.
Prendi a respiração por um momento.
Ela olhava para mim com o semblante inexpressivo. Mas havia alguma coisa diferente, não sei dizer o que era. Seja lá o que for, ainda continuava me assustando.
A garota atravessou pela borda de uma das portas e meio que deslizou pelo espaço até ficar a poucos centímetros da minha cama, e consequentemente de mim.
Fiquei em estado de alerta. Tentei me afastar, encolhendo-me próximo à parede do lado direito da cama. Estava encurralado. Fechei meus olhos. Um completo covarde.
— Me perdoe.
Ouvi a sua voz nitidamente. Arrisquei-me a abrir os olhos. Ela já estava bem mais próxima de mim.
— Eu não quis te machucar... — Ouvi as palavras saírem de sua boca. "Isso não podia ser real, isso não é real...", eu não cansava de repetir para mim mesmo em pensamento. Ela se aproximou e fez menção de pousar sua mão sobre o meu curativo. Recuei de imediato.
— Quem é você?! — Questionei-a. Não acreditava naquela situação: eu ali, conversando com uma...
A garota não respondia. Somente olhava para sua própria mão que ainda mantinha suspensa no ar.
Não parecia mais tão assustadora como antes.
Parecia um anjo agora. Irônico, eu sei.
Toda feita de névoa.
De perto, pude ver como era de fato. O que me chamou mais a atenção eram os seus cabelos, num tom ruivo alaranjado. Compridos e perfeitamente ondulados, como os de uma boneca. Usava uma blusa branca delicada e sem mangas, acompanhada de uma saia rodada com estampa xadrez azul comprida, até um pouco abaixo dos joelhos. E o olhar... agora doce e complacente.
De repente, a porta do quarto se abriu. Era a minha mãe. Quando retornei a olhar para a garota, ela já não estava mais lá.
— Chamou, meu filho? — perguntou, aproximando-se de mim.
— Mãe... — Eu não sabia bem o que dizer. Estava envergonhado.
— Tá tudo bem, meu amor! Sua avó deu uma passadinha aqui e deu uma olhada em você.
— Quando isso? — Sentei de imediato — Há quantos dias eu fiquei apagado? — Ela riu, diante do meu espanto.
— Você se machucou ontem à noite. Passei a madrugada toda aqui com você... E sua vó veio te ver de manhã cedo — respondeu, sentando ao meu lado.
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O Segredo da Chuva
Dla nastolatkówEm busca de novos horizontes, uma família decide se mudar para uma cidade litorânea, chamada Colina Azul. Bernardo, um nerd adolescente de dezesseis anos de idade, é o filho mais velho. O rapaz e sua família passam a morar numa casa antiga e mais in...