Capítulo 12

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✧ Fazendo o social ✧

— Chegamos, hein? Nessa caminhada, economizamos a passagem do ônibus! — Carin sorriu e passou à minha frente, abrindo o portão de madeira pintada de branco, que dava para o jardim de sua casa.

— É, o caminho nem é tão longo assim. Conversando, chegamos rápido — concordei, segurando minha mochila por uma das alças. Antes de entrar, ela se virou para mim:

— Você vai mesmo hoje à noite? — Fiquei uns segundos sem responder, só a encarando. Foi tempo suficiente para lembrar-me do que Amélia havia dito: "Existem muitas coisas belas para se ver lá fora. Um mundo para viver e conhecer. Você não deveria se manter recluso em casa." Então me decidi de vez.

— Claro que vou! Se quiser, vamos juntos e depois nos encontramos com Giovani no caminho.

— Ótimo! Eu só iria mesmo se vocês fossem também. Te vejo mais tarde, então. Tchau!

— Tchau, até! — Carina é bem tímida às vezes. Quando éramos crianças, ela sofria bullying com certa frequência, justamente por ser na dela. Por conta disso, chegou até a repetir de ano, tentando evitar de ir à escola. Mas eu sempre lhe disse que era inveja das outras meninas, por ela ser a mais linda. E com isso sempre conseguia deixá-la vermelha, além de uns tapas de gorjeta. Crianças às vezes são cruéis por diversão... Ahh, crueldade é me fazerem ir para esta festa, isso sim!

Andei em direção à minha casa, que ficava um pouco mais adiante. Espero não me arrepender dessa ideia.

Passei pelo portão e abri a porta de casa.

— Demorou, menino! — Minha mãe gritou da cozinha.

— Almocei com Carina e Giovani depois do colégio. Não exagere, não demorei tanto assim! — Joguei a mochila no sofá e entrei na cozinha. Ela estava lavando a louça. Aproximei-me e a abracei pelas costas.

— Existe celular, sabia? Aquele aparelhinho chato, que também serve pra avisar às pessoas do seu paradeiro! — Dei-lhe um abraço mega apertado como resposta e ela deu um grito, livrando-se de mim — Sabe por onde anda sua irmã? Ela não chegou até agora, estou preocupada.

— Era pra estar mesmo. Ela só tem 13 anos, não deveria deixá-la tão solta por aí — Peguei um pano de prato de cima da mesa e comecei a ajudá-la a secar alguns utensílios de cozinha.

— Pior que você tem razão — franziu a testa — Essa menina me deixa maluca! Porque o senhor não volta da escola junto com ela? Me ajuda! Sabe que estou sem tempo arrumando essa casa e ajudando a sua avó! Sem falar que preciso arranjar um trabalho...

— Já tentou ligar para o celular dela, por acaso? — Ela deu um pequeno tapa na testa, e respondeu:

— Como pude esquecer disso? Tão prático, já deveria ter ligado. Obrigada meu filho, farei isso agora... Claro que já liguei um trilhão de vezes, Bernardo! — Ela tirou seu celular do bolso de trás do jeans e me mostrou, mas assim que o fez, a porta da frente se abriu e apareceu a margarida.

— Stefany, venha aqui agora!

— Mãe, já terminei de secar as coisas. Vou subir para o meu quarto - Resolvi sair logo, antes que sobrasse pra mim.

— Pode ir, querido. Mais tarde vou precisar de você, mas pode dormir um pouco.

Peguei a mochila do sofá e subi as escadas com a preguiça me atacando pelo corpo todo. Iria me jogar na cama e dormir até quando minha mãe chamasse. Mas assim que cheguei ao topo da escada, senti o celular vibrar de dentro do bolso da calça. Era uma mensagem de Giovani, avisando que o horário da festa tinha sido alterado, ficando para mais tarde.

O Segredo da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora