As horas passavam, o hospital acabou virando minha casa, fiquei com minha mãe horas lá, Brenda não dormiu por nenhum segundo, e nem estava pensando em fazer isso. Ela queria saber do seu filho. Já era domingo de manhã, quando minha mãe me cutuca e fala:
-Precisamos ir pra casa, você e eu precisamos descansar, fale com a Senhora Brenda e diga pra ela te avisar quando as coisas melhorarem que eu te trago aqui.- minha mãe fala.
Vejo o quanto minha mãe está cansada, usando um vestido de flores que ela sempre dorme, uma pantufa cor de rosa e com seus óculos no peito segurados por um cordão, sua face já está pálida e ela com certeza queria dormir, então aceito sua proposta.
Vou até a senhora Brenda, a qual estava super cansada e se encontrava orando em frente aos santos do hospital, chego perto dela e a cutuco nas costas, ela então leva um susto e olha pra trás, vê que sou eu e na mesma hora levanta.
-Senhora Brenda, preciso ir pra casa, estou cansado, não se preocupe, ele vai ficar bem, ele é forte, por favor me avise qualquer coisa que acontecer. - digo pra ela segurando suas duas mãos.
As mãos de Brenda estão geladas, assim como o tempo também, ela está usando uma saia fechada e uma camiseta de frio.
-Tudo bem querido, eu te aviso sim, vá e se cuide. - diz ela me abraçando e me beijando no rosto, sinto uma lágrima escorrer de seus olhos e meu coração aperta.
Quando viro as costas pra Senhora Brenda ela volta a se ajoelhar e rezar por seu filho, minha mãe já está me esperando no carro, então entro e sento no banco da frente, o que nunca faço, mas sinto que dessa vez devo fazer.
-Vai ficar tudo bem, sinto que ele é um menino forte, e quero que me explique tudo quando chegarmos em casa. - Mamãe me olha com um olhar de pena e ao mesmo tempo de julgamento, já imagino o que ela esteja pensando.
Minha mãe sempre foi durona, em todos os momentos, lembro de quando meu pai faleceu em um acidente de carro, como ela agiu friamente e sem demonstrar nenhum sentimento, talvez ela queria me proteger e não demonstrar fraqueza em minha frente.
Ela arranca o carro e pega a primeira saída do hospital, coloca em uma velocidade um pouco alta, o que me assusta, mas logo estamos em casa, passo o caminho inteiro pensando em apenas uma coisa, como Steban está? Eu quero saber, eu queria estar ali com ele, mas eu não podia... A cada árvore, a cada sinaleira e a cada km que o carro andava mais eu me sentia distante e vazio.
Quando chegamos em casa tenho uma surpresa, na frente da minha casa, deitados debaixo da varando cobertos por um cobertos Sophia e Joseph estão, quando ouvem o barulho do carro eles acordam e rapidamente se levantam. Sophia está com a maquiagem borrada, parece ter chorado muito, e Joseph diferente da noite passada está com o cabelo todo bagunçado. Desço do carro junto com minha mãe e quando chegamos perto de casa Sophia vem em minha direção e me abraça dizendo:
-Me desculpe, e espero que fique tudo bem, eu sinto muito. - ela fala e no mesmo instante chora, sem pensar duas vezes e em um só impulso empurro Sophia com meu braço e entro para minha casa.
Joseph então vem correndo atrás de mim, subo as escadas e vou para meu quarto assim trancando a porta. Escuto as falas abafadas de Joseph atrás da porta:
-Me escute, precisamos conversar, você não pode agir feito criança e fingir que eu não existo! - ele grita eufórico e bate várias vezes na porta.
E então pego meu fone e coloco uma música, Cardigan, fico pensando em tudo que vem acontecendo e começo a chorar, penso no quão feliz fui, mas ao mesmo tempo o quão infeliz fui e fiz as pessoas serem, um sentimento de culpa toma conta de mim quando sem pensar pego o estilete em minha mochila e quando estou preste a enfiar em meu pescoço Joseph entra pela janela e me abraça segurando minha mão e jogando o estilete no chão. Joseph tira o fone dos meus ouvidos e diz:
-Você está maluco? Está vendo o que está prestes a fazer? você realmente quer isso, ou apenas quer conversar e resolver tudo isso? - Joseph grita e aponta para o ar como se "isso" estivesse ali.
Não sei se Joseph tem muita moral naquele momento, mas no fundo ele tinha razão, eu queria conversar, e queria ser escutado e resolver todos aqueles problemas.
-Ok, vamos conversar então, chame Sophia, quero entender o porquê foram tão covardes como foram. - falo virando de costas e cruzando os braços como se fosse uma criança manhosa.
No momento que falo isso Joseph pega abre a porta do quarto e Sophia entra. Minha mãe e Sophia já estavam na porta escutando tudo, olha na direção da porta e minha mãe me olha com uma cara de preocupação e ao mesmo desaprovação por o que acabei de fazer, mas apenas vira as costas e desce para a sala. Sophia entra olhando para o chão e senta do lado de Joseph. A cena é horrível, Joseph e Sophia, traidores sentados lado a lado, seria menos vergonhoso se eles tivessem ido um longe do outro pelo menos, mas agora não importava, queria que eles falassem logo o que tinham por falar para eu poder voltar até o hospital.
Viro para os dois e pergunto:
-O que vocês tem para me dizer sobre o beijo amoroso entre vocês? - falo com tom de deboche mexendo o braço e apontando para os dois.
-Bom, eu posso explicar- Sophia se levanta e começa a falar, como se tivesse alguma explicação. - Eu e Joseph começamos a nos gostar na viagem, lembra aquele dia que você ficou em casa e nós fomos para a praia? Sei que é super errado, mas eu me senti amada, é tão ruim assim? Eu queria ser amada, e desde lá eu estava mais apaixonada por ele, nos beijamos aquele dia, mas depois nos afastamos em respeito a você, e quando Joseph disse que viu Steban conversando com você a gente voltou a ficar, foi só isso, e espero que entenda, pois você sempre ficava falando que gostava de Steban. - Sophia diz rapidamente tudo, e uma avalanche cai por cima de mim, realmente ela estava certa sobre eu amar Steban, mas mesmo assim foi traição.
-Uau, eu não esperava isso vindo de você Joseph, da sophia até sim, mas me trair durante uma viagem onde você disse me amar? Realmente você é como qualquer outro. - falo isso ignorando Sophia e tudo o que ela disse e olhando e culpando Joseph.
-Me desculpe, mas aconteceu, e eu não pude evitar, diferente de Sophia eu não espero que você entenda, mas sim que aceite que eu e você não existe mais. - joseph fala e levanta indo para o lado de Sophia.
Isso eu já sabia, eu e Joseph nunca mais iriam existir, mas ele fala assim? Como se nunca tivéssemos nada e que nada foi real? Realmente ele não era o homem que eu imaginei, me surpreendi com tudo que eles falaram e para me fazer de sonso eu grito:
-SAIAM DA MINHA CASA E DA MINHA VIDA, ME ESQUEÇAM.
Sophia e Joseph saem do meu quarto e descem em direção da porta da casa, rapidamente vou até a janela observar, eles saem e conversam com minha mãe, acenam e vão embora, quando saem do portão Joseph entrelaça as mãos nas mãos de Sophia e ela começa a caminhar com ele. Fico observando e sentindo dor em meu coração, como é possível ser tão rápido e fácil me esquecer?
De repente escuto meu celular vibrar, pego em minhas mãos, um número desconhecido, atendo, do outro lado da linha uma voz familiar.
-Alô, ainda se lembra de mim? - Fala uma voz fraca, era Steban.
Meu coração enche de alegria e começo a saltitar em meu quarto, esqueço tudo que Joseph e Sophia acabaram de falar e rapidamente desço até minha mãe e falo ao telefone:
-É claro que eu lembro né, eu quem te dei banho quando se machucou- falo brincando, ele escuta sorri, fico feliz por ele estar bem.
-Você poderia me ver? Estou com saudades já, achei que ia te perder, eu te amo e preciso de você aqui comigo. - Steban fala com voz de choro e no mesmo instante respondo.
-É claro que sim, e saiba que eu que fiquei com medo de te perder pois eu sempre te amei.
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Por trás do internato.
RomanceChristian, um menino gay de 16 anos está entrando em uma escola nova por conta de sua mãe, a escola é um pouco diferente das outras, é uma escola interna, onde Christian vai ter que dividir quarto com dois meninos, Joseph um menino isolado e amoros...