Discutindo a relação

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Jake e eu entramos em casa e vamos para a cozinha, me debruço sobre a ilha, Jake nos serve água. Bebo o copo todo antes de começar a falar.

     — Richy disse que me enviou mensagens, mas não recebi nenhuma, você sabe alguma coisa sobre isso?

Ele senta em uma banqueta, tira os óculos e passa as mãos nos olhos.

     — Você bloqueou alguma mensagem dele?

     — Eu bloqueei todas as mensagens do grupo, incluindo a do Richy, por mais que eu quisesse bloquear as do Alan também eu não fiz.

     — Jake, você...

     — Maria — ele diz passando uma mão na nuca.

     — Você foi sequestrado e levado, podia ter sido morto, Jake, você tem noção que isso podia ter sido evitado? E se tivesse acontecido alguma coisa com você, Jake! - estou gritando.

      — Me desculpe, mas eu não lamento ter escondido isso de você. — agora ele está gritando.

     — Por que você fez isso?

     — Eu vi o que o grupo fez com você, eles excluíram você depois de tudo o que você fez, você brigou com eles, ficou tão chateada, chorou tanto por eles e por toda aquela situação, ver você daquele jeito foi horrível e me senti impotente. — ele começou gritando, mas voltou a falar baixo — Não queria que eles te magoassem ainda mais.

     — Jake... — digo e respiro fundo.

     — De qualquer forma, nenhum deles além do Richy te enviou mensagem.

     — Se eu soubesse que ele estava vivo...

     — Maria, o Richy que você conheceu morreu naquela mina em Duskwood. — ele me interrompe, e volta a elevar a voz — aquele Richy não existe mais, você falou no velório dele e falou no enterro dele. Ele está morto.

Jake sempre foi direto comigo, curto e grosso. Ele nunca enfeitou as palavras para falar comigo, ele fala o que acha necessário dizer, nos moldamos a personalidade um do outro, por isso a forma como ele falou sobre o que aconteceu não me abalou nenhum pouco.

     — Meu amor, eu lamento que tenho acabado dessa forma. Vou desbloquear as mensagens.

     — Não precisa. É melhor não saber. Você viu as mensagens? — ele acena em positivo, levanta da bancada, da a volta da ilha e coloca as mãos na minha cintura. — Sabe o que tem nelas?

     — Ele não enviou o plano dele, eram só mensagens sem nexo, homem sem rosto. Você sabe que na verdade era você quem ele queria levar, não é? Se tivesse sido você, se ele tivesse conseguido pegar você, eu não sei o que eu seria capaz de fazer com ele, honestamente, não responderia por mim.

Balanço a cabeça em afirmação, meu olhos queimam com lágrimas que querem sair, mas elas não saem, ele me abraça forte. Ficamos alguns minutos abraçados, ele coloca o queixo na minha cabeça.

     — Você me chamou de amor dois dias seguidos, em meses nunca tinha me chamado assim antes, o que mudou?

     — Desculpe, é que não é muito meu estilo, mas depois do que aconteceu não consigo evitar te chamar assim. Você sempre ficou a vontade me chamando de amor, gato e outros apelidos e amo que me chame assim, mas eu nunca retribui. Já passou da hora. E você é meu amor.

Depois do episódio 10 - Duskwood Onde histórias criam vida. Descubra agora