Capítulo 12: Estou dizendo Adeus.

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Pond estava certo, as férias estavam chegando, os dias passaram mais rápido que o habitual, quando me dei conta, ali estava, uma semana para o fim disso tudo, talvez não seja as melhoras escolhas, talvez eu não tive as melhores semanas e muito menos os melhores amigos, mas sinto que eu preciso sair, mas sair mesmo, quero sumir, sabe, conhecer o mundo, eu preciso saber quem eu sou, o que eu quero, cansei de viver na sombra de uma família tão religiosa que esconde tudo que me faz ser eu, sinto que eu se eu olhar no espelho agora eu não vou ver meu rosto.

Verei qualquer pessoa, menos eu.

Olhava pela janela de quarto, via alguns garotos já indo embora, via suas famílias chegando, penso se minha mãe lembrou de mim pelo menos algum dia sequer, eu queria que sim, mas eu sei a resposta e ela não me agrada.

Olho para a mala que está sobre a cama, aquela mala aberta cheia de roupas e de lembranças, eventos mal resolvidos.

Algumas pessoas dizem que assuntos mal resolvidos um dia voltam, e nesse momento eu estava contando com isso, porque de alguma forma eu sabia que quando eu cruzasse aqueles portões eu nunca mais veria Gemini Norawit, e por um lado isso era bom, mas por outro não.

Eu não queria ver ele, eu não queria pensar nele, mas pensar já é lembrar, e se eu esquecer? Quem vai lembrar de nós?

A mala estava pronta, havia tudo que eu tinha trago, roupas e sentimentos amargurados.

Olhava meu telefone e nada, absolutamente nada.

Nenhuma mensagem.

Nenhum ligação.

Era óbvio.

Ela não se importava.

Nunca se importou.

Em dias assim eu sinto uma saudade avassaladora do papai.

Ele sempre sabia o que dizer, ou até mesmo o que fazer.

Sinto tanta saudade que meu peito dói, sinto meus olhos marejados, era um choro de saudade, mas não só isso, tinha arrependimento, tinha tanta coisa nesse choro, que dado momento eu já nem sabia pelo que eu chorava.

Olhava pelo quarto, tudo ali estava vazio, Dunk havia ido primeiro, seu pai era bem pontual, pela janela, eu via Joong e Pond saindo também, todos estavam indo embora.

Eu queria ir também, mas alguma parte de mim queria de alguma forma se despedir, mas eu não sabia como, nem mesmo sabia se ele ainda estava ali, e eu queria que estivesse.

Peguei minha mala e sagui até a porta, talvez por acaso, destino, ou qualquer outra baboseira dessa, ali estava ele, da mesma forma que eu o conheci.

Ele estava na mesma mesa, rodeado de pessoas que eu não conhecia, ele estava lindo.

Sua pele alva, seus cabelos lindos, e seus olhos, seus olhos com de âmbar deixavam tudo melhor.

Eu queria chegar perto, eu queria conversar. Eu queria fazer tanta coisa.

Eu queria ter coragem, eu queria fazer acontecer.

Mas eu sou um covarde, eu tenho medo de tudo.

Eu não presto para nada.

E no meio de tantos pensamentos assim, vejo que pela primeira vez meu celular vibra.

Era uma mensagem.

Era minha mãe.

Ela ainda se lembrava de mim.

Ele havia chegado.

Era ela.

Corria até a porta, e ali estava ela, o carro parado, ela não mudou nada, minto.

Ela mudou tudo, ela parecia melhor, ela parecia feliz.

Era como se a minha ausência lhe tivesse feito bem, e talvez de alguma forma isso me incomodava.

Não irei mentir ou ser hipócrita.

Mas como eh deveria me sentir em relação a isso?

Sabe, como você se sentiria sabendo que a sua ausência só fez bem para a pessoa.

Era como se toda a trajetória do meu nascimento até aqui fosse inútil, descartável.

Agora me pego pensando se a minha existência deveria existir.

E esses pensamentos acabam me ajudando mais e mais em pensamentos piores.

Era como um círculo vicioso.

Tudo sempre se repetia.

A tristeza ela continuava, ela persistia.

Apenas caminhei até o carro parado.

-FOURTH!!!!

Aquela voz, eu conhecia de longe.

Olhei para trás e ali estava ele, os fios do cabelo bagunçados, a respiração meio ofegante.

-Eu sei o que vai acontecer aqui, e eu não tô pronto, talvez agora não seja a nossa hora, mas eu não vou desistir, eu vou esperar por você ser Nattawat.

Gemini falava como se ele soubesse o que o futuro nos guardava, mas ele não mentia.

Eu queria que fosse verdade.

-Talvez a gente se encontre de novo, mas dessa vez mais maduro e menos confuso.

-Eu espero que sim Fourth.

Gemini falava aquelas palavras, eram bonitas de se escutar, mas machucava o meu pobre coração.

-Adeus Gem.

Era para ser uma simples despedida.

Mas não foi.

Gemini colou nosso lábios, era um beijo no meio de todos, ele não se importava com nada, e agora era a minha vez de fazer o mesmo.

Ignorar todos.

Diferente das outras vezes, aquele beijo não tinha gosto de pecado, tinha paixão, mas era salgado, Gem estava chorando.

Aquele beijo tinha gosto de saudades.

-Adeus Fot.

Gemini se despedia e voltava para onde estava, sentia meus olhos marejados.

Voltava em direção ao carro.

Mamãe não disse nada. Nem uma palavra sequer. Nada de novo.

Entrei no carro e coloquei meus fones de ouvidos.

Aquela era uma despedida.

Era uma carta de Adeus.

Talvez um dia eu volte, mais maduro.

Mais cheio de mim..

Lembro que eu li em algum lugar uma vez.

Dizem que alguns amores não são para serem vividos, mas sim serem sentidos.

Nunca entendi aquelas palavras, mas hoje eu entendo.

Hoje eu entendo muita coisa.

Sentia meus olhos marejados, as lágrimas caiam sem o meu controle.

A dor..

A saudade....

A incerteza....

Um dia quem sabe eu volte e encontre ele de novo.

Espero que o destino seja bom comigo.

Espero que o acaso me proteja.

Por que até lá....

Esse é um Adeus.

Vejo você em uma próxima....

Fiim...
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Para alguns, o fim é apenas o começo!

Até breve.

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