Consequências

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(Trilha sonora deste capítulo. Você também pode encontrá-la na playlist oficial, link na descrição)

Capítulo XVI

— Eu não entendo... — Tales segurava o pedaço de papel deixado por Aura. Seu olhar era distante. — Como? Como isso foi acontecer?

— Tales... — Alexia agarrou uma de suas mãos. As lágrimas ainda pingavam de seu rosto.

Iro evitava olhar o amigo. Estava fazendo uma atadura improvisada para estancar o sangramento no ombro da jovem, tal qual ela havia feito em sua cabeça.

O sentimento de culpa o corroía.

— E isso? — O Pintor levantou a folha rasgada. — Foi isso que restou?

Seus lábios tremeram. Encostou de leve o papel em sua testa. Os olhos se espremiam com força, mas era inútil. O choro era irrefreável. Sua dor apertou o peito de Alexia como se alguém apertasse seu coração com as próprias mãos.

A poucos metros deles, Cristal trabalhava afincadamente. Ignorava os olhares desconfiados de Iro e analisava a porta, procurando indícios de arrombamento.

A madrugada era silenciosa, e apenas o lamento de Tales era ouvido. Descendo as escadas da Biblioteca, Ágata apareceu.

— E então?

— Nada. — Cristal coçou a cabeça. — Nada nas janelas e a porta estava aberta. E você?

— Foi o que Alexia disse. — Virou-se para a pupila. — Foi surpreendida enquanto estudava. Até revidou, mas tudo durou uma fração de segundo. No fim, tentou proteger sua pesquisa e acabou rasgando algumas páginas quando caiu no chão.

O Leão se dirigiu aos três.

— Eu sei que dói perder uma colega. Mas vocês foram bem hoje. Protegeram o Santuário e evitaram mais mortes. — Fitou o desolado Tales. — Se serve de algum consolo, ela foi uma amazona exemplar até o fim. Morreu cumprindo sua função, lutou até o final e ainda tentou proteger informações valiosas. Não é uma prática comum, mas...

Olhou para a companheira dourada, que assentiu com a cabeça.

— Aura receberá algumas das mais altas honras. E um funeral à altura.

Iro encarou o cavaleiro de ouro por um momento. Estava surpreso tanto com sua sensibilidade quanto com a homenagem.

— A investigação está concluída. — Ágata fez sinal para um grupo de soldados que aguardava do lado de fora com uma maca. — O Santuário se encarregará do enterro. É o mínimo.

Ela hesitou por um momento, mas juntou as mãos do Pintor. Algum objeto de metal que ele não soube identificar tocou seus dedos.

— Algum dia precisaremos disso de volta. — A amazona de Escorpião cochichou, evitando olhá-lo nos olhos. — Mas acho que por hora não faz mal deixar com você.

Os dourados se retiraram e então Tales viu. Era o pingente da armadura de Aura. Lebre. Sua mente se preencheu com memórias dela, conforme apertava a miniatura contra o seu peito.

Os três tomaram o rumo do alojamento, catatônicos.

— Não faz sentido... — Tales balbuciou com a voz embargada, enquanto subiam a escadaria de mármore. — A Biblioteca só tem uma chave. Sempre que ficamos até mais tarde, somos obrigados a trancá-la. Não dá pra acreditar que ela tava aberta ou que não foi arrombada.

Cavaleiros do Zodíaco: Desatando NósOnde histórias criam vida. Descubra agora