✩‧₊ quatro.

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Beatriz.

— Bia... — sou tirada dos meus devaneios quando Rê chama por mim.

Bloqueio a tela de meu celular, deixando-o sobre a mesa e me viro de forma a encará-la. Com um movimento de cabeça, peço que ela continue e então, tentando se sobressair ao volume do bar, Renata me diz:

— Ele é ainda mais bonito pessoalmente!

Levo alguns segundos até me dar conta de que ela se refere a Henrique. Balanço a cabeça em negativa, enquanto ela sorri, parecendo descrente.

— Ele definitivamente é.

— Caralho, por que você não mencionou isso antes?

Retribuo com um sorriso breve, antes de beber um gole de caipirinha. Observando a direção a qual Heitor e Henrique caminharam, Renata ainda soa levemente atordoada.

— Mas eu vou dizer, deu para sentir que ele não sabia que eu estaria aqui.

— Por quê? — questiono confusa, observando a mesma direção que ela.

Esticando o pescoço, não consigo enxergar nada além do intenso movimento de entra e saí da área restrita, sem nenhum sinal de Henrique.

— Ah, amiga, ele veio todo empolgado te cumprimentar e quando você falou o meu nome ele olhou para mim tão confuso.

— Eu tenho certeza de que você apenas interpretou errado. — tento consolá-la, dizendo próximo de seu ouvido devido ao volume de conversa.

Renata nega com a cabeça, me contrariando.

— Bia, você mencionou para ele que eu viria?

— Não. — confesso, sem maiores rodeios. — Mas eu achei que o Heitor fosse fazer, era ele quem estava conversando com o Henrique.

— Não sei não, acho que ele ficou meio desconfortável comigo aqui.

— Será? — indago, começando a me sentir péssima.

Afinal, por que eu fiz esse convite para Renata? Se antes eu tivesse questionado Henrique sobre o assunto, certamente teria evitado constrangimentos.

— Eu senti. — tocando minha perna, Renata quase se debruça sobre a mesa para me alcançar.

— Eu sinto muito, Rê. Eu deveria ter falado com ele antes.

— Fica em paz, amiga. Eu vou curtir a noite de uma forma ou de outra.

Assinto, embora ainda me sinta culpada. Renata volta a se acomodar em sua cadeira, bebericando o drink enquanto assiste atenta ao movimento na espécie de palco montado a nossa frente.

Alguns minutos se passam, o tal de Davi a quem já apresentada em outras ocasiões aparece no palco, cumprimentando ao público e desejando 'boa noite'. Continuo vasculhando o ambiente, à procura de Henrique e o vejo saindo da área restrita, sozinho. Ele caminha a mesa atento ao redor, parecendo se certificar de que tudo esteja alinhado.

Quando nos alcança, puxa sua cadeira para o topo da mesa, de onde consegue ter uma visão mais próxima do palco – e, consequentemente, se senta mais próximo de mim. Com a proximidade, finjo naturalidade, mas isso apenas até quando seu braço repousa no assento da minha cadeira e ele se aproxima para questionar:

— Ficou bom espaço, não?

Eu assinto, fingindo prestar atenção ao lugar quando a sua proximidade faz com que eu me sinta incapaz de respirar.

— Vocês fizeram um ótimo trabalho.

— Que bom. — Henrique suspira em satisfação, me fazendo olhá-lo. Como se eu questionasse, ele confessa: — Eu levei uma bronca da minha mãe para estar aqui hoje, então é bom que valha a pena.

Improvável | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora