✩‧₊ dezenove.

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Beatriz.

Enquanto caminho até a saída do hospital, passando pelo corredor de acesso aos funcionários, começo a me questionar sobre a possibilidade de Henrique ter se esquecido da data de hoje. Talvez seja uma ideia idiota, Henrique nunca demonstrou motivos para isso, mas a última vez desde que nos falamos foi há dias e a conversa foi tão breve que não me recordo de ter mencionado o meu aniversário. Talvez ele não se lembre e honestamente eu não sei se o julgaria por isso - não pela forma instável como as coisas têm acontecido entre nós.

Minha mente, no entanto, me diz que eu não deveria alimentar qualquer esperança. Quanto menor forem as minhas expectativas, menores as chances de me decepcionar. Com isso, decido controlar minha respiração, acreditando que se minha respiração estiver calma, então eu vou conseguir me sentir alinhada. Mas, assim que coloco os pés sobre a calçada, me coloco na ponta dos pés, procurando por Henrique involuntariamente.

Meus olhos varrem a rua à procura do seu carro. Uma pontada de decepção me atinge, mas é nesse momento que observo com atenção a rua paralela, reconheço uma placa conhecida. E quase me flagro correndo naquela direção.

Ao chegar ao carro, estou praticamente sem fôlego. Abro a porta com exaltação e o primeiro som que preenche meus ouvidos é a risada alta de Henrique. Apenas ao fechar a porta e encarar Henrique que eu compreendo todo esse sentimento de saudade e como as últimas semanas sufocaram esses sentimentos. Me vejo respirando após quase dez dias.

Colo meus lábios sobre os lábios de Henrique com urgência, incapaz de resistir. Ele reage de forma instantânea, segurando meu rosto talvez como forma de conter todo meu entusiasmo ou talvez tentando nos aproximar ainda mais. O beijo não é intenso como a maioria dos beijos que já trocamos, mas suave e afetuoso, com todo e qualquer resquício de saudade acumulado ao longo das últimas semanas.

Aos poucos, a excitação diminui, em conjunto com o ritmo do beijo. Quando o momento tem fim, no entanto, parece cedo demais para me afastar. As mãos de Henrique, tão suaves no toque ao meu rosto, me mantém perto, como se recusasse a me deixar ir. E, assim de tão perto, eu sinto sua respiração tocar meu rosto.

— Oi! — eu exclamo, incapaz de formular qualquer outra frase. Henrique ri, antes de juntar nossos lábios logo em seguida, em um selinho breve.

— Oi! — ele retribui com o mesmo entusiasmo, com seus dedos arranhando minha pele, quase circulando meu sorriso. — Parabéns, coisa linda.

Eu escondo o rosto sobre a curva do seu pescoço, enquanto as mãos de Henrique descem de encontro a minha cintura. Ele desenha pequenos círculos, como forma de retribuir ao carinho.

— Muita saúde, paz, felicidade e momentos comigo na sua vida. — eu rio contra sua pele e sinto Henrique rir em conjunto. — Que Deus continue te abençoando muito e protegendo a sua vida para que a gente possa acumular muitas memórias boas, porque a gente ainda tem muita história para escrever juntos.

— Obrigada, Ri. — é tudo o que eu sou capaz de esboçar após essas felicitações. Henrique me aperta ainda mais, quase como uma súplica para que eu não me afaste. Eu cedo, sem a intenção de fazer.

— Você 'tá' bem? — ele questiona assim que nos afastamos minimamente, mas sem criar muito espaço entre nós.

— Bem e você?

— Bem também. — ele responde através de um breve aceno.

Talvez aqui coubesse o momento de dizer "eu senti saudades" ou "eu senti sua falta", mas Henrique não parece determinado a dizer, então eu não me sinto confortável. Nos afastamos em um silêncio quase incômodo, mas enquanto Henrique liga o carro, ele imediatamente puxa assunto, com a intenção de deixar o clima ameno:

Improvável | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora