CALEIDOSCÓPIO DE SONHOS: RETRATOS DA ALMA

12. Uma lição nas Entrelinhas

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       Douglas, um motorista de 37 anos, era conhecido por sua impaciência e falta de respeito pelas regras de trânsito. Sempre ultrapassava sinais vermelhos, ignorava limites de velocidade e causava estresse e perigo para todos ao seu redor. Estava convencido de que suas habilidades ao volante eram superiores e que as leis de trânsito eram meras formalidades. Infelizmente, Douglas não percebia o perigo que representava para si mesmo e para os outros usuários das estradas.

― Em nome de todos os guias, Doug! Você ainda vai matar alguém! ― Sua mulher, estressada, estava quase chorando, agarrada ao cinto de segurança.

― Para de reclamar, mulher! Eu lá sou homem de ficar esperando? Se eu for na velocidade da placa, já perdi dez minutos da minha vida!

― Não terá nem dez segundos se continuar assim! Deixa de ser tão teimoso!

― Eu sei o que tô fazendo!

Um dia, enquanto dirigia apressado pela cidade, ocorreu algo que mudaria sua vida para sempre. Ele se distraiu com o celular e não percebeu o sinal vermelho à sua frente, atravessando o cruzamento em alta velocidade. No mesmo instante, um carro vindo da direção oposta colidiu violentamente com o seu, resultando em danos significativos e ferimentos sérios. Naquele momento, a vida dele virou de cabeça para baixo.

O acidente foi devastador. Douglas ficou preso nas ferragens, sentindo uma mistura de dor e culpa.

― Não... não pode ser... não sinto minhas pernas... ― Gemia, aos prantos, tentando se mover.

As ferragens do automóvel rasgaram sua pele, revelando uma parte do osso de uma das pernas. Sua visão turva, não permitia ver o que havia acontecido com o outro carro.

― Eu preciso de ajuda... O que eu fiz, meu Deus? ― Chorava.

Enquanto esperava pelos serviços de emergência, teve tempo suficiente para refletir sobre suas atitudes e como elas afetaram sua vida e a dos outros. Algum tempo depois, ouviu as sirenes e encheu o coração de esperança.

― Senhor! Não se mova! O senhor consegue me ouvir? ― A voz do socorrista veio como uma bênção aos ouvidos dele.

Foi um resgate dramático, onde consistiu com a ajuda em conjunto dos socorristas, bombeiros e polícia de trânsito. Tudo aquilo exigia paciência de todos, inclusive a do próprio Douglas.

― Senhor? Qual seu nome? Mantenha-se calmo. Vamos tirá-lo daí.

― Me tirem daqui, por favor! ― Chorava alto, sentindo a dor excruciante pelo corpo todo.

Três horas depois, Douglas foi levado para o hospital, já recebendo os primeiros socorros. Ele foi levado diretamente para realizar uma cirurgia de urgência, ao passo que sua esposa foi avisada sobre o acidente.

― Com licença. A senhora é esposa do Seu Douglas Medeiros?

Cleusa suava as mãos, já temendo o pior. Sempre rezava para o marido ter mais cuidado e se conscientizar, mas ele nunca ouvia suas súplicas.

— Sim, doutor. Como ele está?

— O senhor Douglas passou por uma cirurgia muito delicada, perdeu muito sangue e, infelizmente, não foi possível salvar uma das pernas. A coluna cervical teve uma lesão séria e ele terá de realizar muita fisioterapia e tratamento psicológico pela frente.

Ela ouvia aquele terço de explicações médicas sentindo uma vertigem cegar sua visão, sendo amparada por um enfermeiro que viera ao seu auxílio. Agora, a vida de seu marido mudaria completamente, tendo que além de enfrentar uma dura recuperação, dores físicas e emocionais.