19. O Poder da Escuta

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      Dr. Bernardo era um terapeuta de 52 anos, que dedicava sua vida a ajudar outras pessoas a lidar com suas dores e angústias. Porém, apesar de suas boas intenções, ele se encontrava em um momento em que sua própria vida estava se tornando uma corrida incessante. Sua agenda estava sempre lotada, seus compromissos se acumulavam, e ele sentia que estava perdendo a conexão com os pacientes.

Certo dia, enquanto olhava para o espelho após mais uma sessão intensa, viu um extremo cansado refletido em seus olhos. Foi quando ele se deu conta de algo que o chocou profundamente: ele estava falando muito mais do que realmente ouvindo. Os pacientes compartilhavam suas histórias, mas ele estava tão imerso em suas próprias preocupações que raramente oferecia a eles a atenção genuína que mereciam.

Movido por um desejo sincero de mudar sua abordagem, o médico decidiu que era hora de priorizar a escuta atenta e empática. Ele sabia que essa mudança não seria fácil, mas estava determinado a oferecer aos seus pacientes a ajuda que eles realmente precisavam.

Em sua próxima sessão, ele se sentou em silêncio, encorajando seu paciente a compartilhar seus pensamentos e sentimentos sem interrupções. A princípio, a sala parecia carregada com uma atmosfera estranha, mas, aos poucos, o paciente começou a desabafar e abrir o coração. Bernardo então percebeu como a escuta verdadeira transformava o ambiente, permitindo que seu paciente se sentisse genuinamente ouvido e compreendido.

O doutor Bernardo convidou o paciente a se sentar no sofá confortável a sua frente:

― Olá, Seu Josué. Como está se sentindo hoje? ― Perguntou ele, mantendo um olhar amigável.

― Bem, doutor, é tudo muito confuso e doloroso... Eu não sei por onde começar. ― Respondeu, hesitante.

Assentiu compreensivamente e disse:

― Entendo. Você pode começar de qualquer lugar que se sinta confortável. Estou aqui para ouvi-lo sem julgamentos.

A princípio, a sala estava silenciosa, e Josué parecia um pouco apreensivo. Ele se sentiu vulnerável, mas percebeu que o doutor realmente se importava com o que ele tinha a dizer. Isso o encorajou a continuar.

― É difícil lidar com a sensação de perda e a solidão que sinto agora. Eu pensei que seríamos felizes juntos, mas tudo desmoronou. ― Desabafou o homem, com a voz embargada pelas emoções.

O terapeuta assentiu novamente:

― Compreendo que o término de um relacionamento pode ser muito doloroso. Fique à vontade para compartilhar seus sentimentos sem pressão. Estou aqui para ouvi-lo e ajudá-lo a lidar com o que está sentindo. ― Respondeu, com empatia.

Conforme o homem começou a desabafar, o médico notou como a verdadeira escuta estava animada no ambiente da sala. A atmosfera estranha no início começou a se dissipar, e uma sensação de confiança começou a se estabelecer entre eles. Josué sentiu que podia abrir seu coração e que suas palavras não caíram em ouvidos surdos.

Com o passar dos dias, o terapeuta continuou praticando essa nova abordagem em todas as suas sessões. Ele começou a notar mudanças surpreendentes nos pacientes. Alguns sorriam mais, enquanto outros encontraram a coragem para enfrentar seus medos mais profundos. A empatia genuína do médico estava criando um ambiente seguro e acolhedor para a cura emocional.

― Sabe, doutor, eu nunca pensei que falaria sobre isso com alguém, mas estou me sentindo tão sobrecarregado ultimamente... ― Desoprimiu um senhor já idoso.

― Compreendo como se sente. Este é um espaço seguro para que possa compartilhar o que está te incomodando. ― Expressou com um olhar acolhedor e voz suave.

CALEIDOSCÓPIO DE SONHOS: RETRATOS DA ALMAOnde histórias criam vida. Descubra agora