16. A moeda da gentileza

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Um homem chamado João, vivia uma vida simples e difícil, trabalhando como catador de recicláveis para sobreviver. Todos os dias, ele percorria as ruas empoeiradas em busca de algo que pudesse lhe render algumas moedas. Apesar de seus 43 anos, sua aparência cansada da labuta de sol a sol, dava-lhe mais alguns anos nas costas curvada pelo peso de carregar seu velho carrinho.

Todas as manhãs, antes de sair, rezava para ser um mais um dia proveitoso e cheio de bênçãos.

Um dia, enquanto caminhava pela calçada, João avistou algo brilhante no chão. Era uma única moeda reluzente. Para muitos, aquele valor poderia parecer insignificante, mas para ele, representava a esperança de tomar um café quente, algo que ele não podia se dar ao luxo há tempos.

― Oh, uma moeda! Acho que é meu dia de sorte! ― Cheio de esperança, pegou a moeda e pensou em como usá-la.

Com a moeda nas mãos, adentrou uma pequena lanchonete da cidade. Lá, uma moça sorridente chamada Laura atendia os clientes com carinho e dedicação. Ela sempre sentia uma grande empatia pelas pessoas que ali chegavam e ver aquele homem com o olhar carregado de entusiasmo, não negou oferecer seu melhor sorriso:

― Bom dia, senhor!

― Bom dia, mocinha. Eu queria um cafezinho. Pode ser o mais barato que a senhora tiver. ― Entregou sua única moeda para pagar.

Ela pegou a moeda com o coração compadecido. Foi até a cozinha e pediu café com leite e pão com manteiga prensado, pedindo que anotassem em sua conta.

Ao voltar para o balcão, serviu o homem que olhou toda aquela refeição, sem entender.

― Mas, moça. Eu não tenho como pagar e...

― Não se preocupe. Coma tranquilo, está bem? ― Foi afastando-se, para atender outros clientes.

Enquanto o homem saboreava seu café, um pensamento inesperado o atravessou:

"E se eu não precisasse dessa moeda tanto quanto alguém que esteja passando por dificuldades? E se quem perdeu também está neste momento com fome?"

Com essa ideia martelando em sua mente, João se levantou, assim que terminou seu desjejum, indo agradecer e explicar sua intenção a Laura.

― Moça, eu posso te pedir só mais uma coisinha?

― Mas é claro! O que o senhor deseja?

― A senhora podia dar esta moeda a alguém necessitado? Alguém que a senhora acha que precisa mais do que eu? ― Indagou João, com uma voz cheia de emoção, seus olhos transmitindo genuína preocupação e compaixão.

― Pode deixar, senhor. ― Respondeu com voz suave, seus olhos brilhando com uma mistura de gratidão e esperança. ― E pode me chamar de Laura.

― Bonito nome. O meu é João, como aquele apóstolo. ― Disse, ao mesmo tempo em que segurava a mão dela por um breve momento, transmitindo afeto e gratidão antes de deixar a lanchonete.

Laura ficou momentaneamente surpresa com o pedido, sentindo-se tocada pela sinceridade do homem. Ela segurou a moeda, pensando sobre a sorte que teve na vida e como poderia realmente fazer a diferença na vida de outra pessoa.

Logo depois, uma menina de aparência frágil e roupas surradas aproximou-se da lanchonete. Era a pequena Lisa, que vivia nas ruas com seu irmão mais novo, Davi. Ela não tinha para onde ir e pedia esmolas para conseguir algum alimento para si e para o irmão.

Laura viu a oportunidade perfeita para compartilhar a gentileza de João. Ela deu a moeda brilhante para a menina, dizendo:

― Essa moeda é um presente de uma pessoa especial. Use-a para cuidar de você e do seu irmãozinho.

CALEIDOSCÓPIO DE SONHOS: RETRATOS DA ALMAOnde histórias criam vida. Descubra agora