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— Então, por que você tá aqui?

Apesar de ter dois alfas ali naquela sala, e um deles ser um Alfa Dominante, foi você quem dirigiu a pergunta á Roy. Não inquisitiva ou brava, apenas curiosa.

Mas mesmo assim, a sua iniciativa chamou a atenção dos alfas que se entreolharam cúmplices e levemente divertidos por sua postura altiva. Era incomum betas serem tão...ativos, por assim dizer.

— Eu que devia te perguntar isso, não era pra você tá no seu apartamento? - o ruivo ergueu uma sobrancelha, olhando de você para os dois machos grandes que estavam nas suas costas, o encarando como se fosse uma ameaça ao recinto deles. Era de dar medo.

Desviando o olhar, ele voltou a beber a água dele quietinho.

— Invadiram meu apartamento. - respondeu em um suspiro, se recostando na mesa do escritório dos Kirishima's e ficando frente a frente ao seu vizinho fofoqueiro. — O loiro me trouxe arrastada pra cá.

— Vai dizer que não gosta de ficar aqui? - Katsuki resmungou baixinho, mas você fingiu não ouvir. — Tsc, pirralha.

— Nossa! Invadiram o meu também. - disse, arregalando o olho junto de você.

— Quando? - Eijirou perguntou, não precisando se mexer pra soar inquisitivo.

— Ontem a noite. - respondeu rápido. — Uns caras bombados e fedendo a sangue arrombaram a porta do meu apartamento e me pegaram pra fazer perguntas. - continuou, em seguida desviando o olhar pra ti de novo. — De você, aliás. Como eu não sabia onde você estava, eles acabaram me batendo pra caralho, acabei dentro do porta-malas de algum deles e quando acordei estava aqui, na porta de vocês.

— Eles falaram quem tava procurando ela? - Eijirou perguntou de novo, endurecendo a mandíbula quando sentiu o olhar complacente de seu marido.

— Não precisa, a gente já sabe amor.

É, e você também sabia. Mal reparou que tinha travado, a respiração ficando irregular, só conseguindo ouvir as batidas do próprio coração e sentindo as marcas feitas em seu corpo coçarem e arderem como se tivessem acabado de ser feitas.

Bongo.

— S/N.

Não sabia qual deles chamou seu nome, apenas que um abraço quente te puxava de volta para a realidade naquele momento. Ofegou, respirando fundo e piscando, afastando lágrimas teimosas que tomaram sua visão quando reconheceu o cheiro de caramelo e frutas cítricas de Katsuki, se agarrando ele como um neném manhoso.

— Está tudo bem, você está com a gente agora, se lembra disso? - disse baixinho no seu ouvindo, acariciando com a mão envolta do seu pescoço seus cabelos, deixando você se agarrar nele em busca de apoio para o que estava sentindo. — Hm?

— Lembro. - respondeu abafado, soluçando quando junto da outra mão de Katsuki, uma maior e quente se alojou em sua cintura, assim como o corpo grande de Eij, que se inclinava pra deixar um cheiro no seu cabelo para se fazer presente.

Ele queria que você soubesse que ele estava ali por você também. Deus, ele moveria céus, terras e mar pra te proteger do infeliz que causou tanta dor.

— Além do Bongo, eles citaram o nome de mais alguém? - Eijirou voltou a perguntar, não se importando de abrir os olhos e se afastar do cheiro gostoso dos seus cabelos.

— Acho que...Chibe. - Roy não conseguia tirar os olhos da cena a sua frente.

Parecia até mesmo estar cometendo um crime assistindo os três ali, tão presos em sua própria bolha que não se importavam com quem pudesse estar olhando do lado de fora. Era íntimo demais.

— Chibe também está atrás da pirralha? - Katsuki disse mais pra si do que para os outros, de alguma forma querendo te prender mais forte a ele e Eiji.

— Parece que minhas mini férias acabaram. - Eijirou suspirou, soltando você e estralando o pescoço antes de sentar em sua poltrona. — Vou investigar direitinho o que o Chibe quer com a minha beta, e o porquê foram atrás de vocês. Por enquanto você fica aqui, Roy não é?

— I-Isso.

— Acho que vai ser melhor assim, não é amor?

— Sim, eu concordo. - o loiro respondeu, mas continuava a acariciar seu cabelo, te abraçando apertado para acalmar os tremores que passavam por seu corpo. — Acho que seria bom darmos treinamento a eles também.

— Hmmm, concordo. Até porque, não iniciamos S/N na famiglia ainda.

— De que tipo de treinamento vocês estão falando? - sua voz saiu rouca e baixa, afastando a cara do peitoral do loiro e olhando para Eiji confusa.

— Discutiremos isso melhor depois. - Katsuki respondeu, olhando firme para Eiji. — Está na hora de irmos para a cama. - disse, aproveitando a posição que você estava sentada e te pegando no colo, segurando suas coxas firmes para que se agarrasse nele igual uma criança.

— Sero. - assim que foi chamado pelo Alfa, Hanta entrou no escritório, estranhando logo de cara a posição que você se encontrava com o loiro, mas disfarçando ao olhar de volta para o ruivo.

— Sim chefe!

— Arrume um quarto pra ele, e garanta que seja entregue uma refeição generosa também. Aposto que está com fome após essa agitação toda. - sorriu gentil para Roy, que assentiu levemente, se levantando e seguindo o moreno que já o direcionava para um dos quartos de hóspedes da mansão.

— Obrigado, por me deixar ficar. - agradeceu o ruivo mais baixo, se curvando respeitosamente antes de correr atrás do moreno.

Eijirou soltou uma breve risadinha, pois a cada passo que Roy dava, acabava tropeçando por causa dos ferimentos.

Voltou para o quarto, encontrando Katsuki segurando você firmemente contra ele debaixo dos cobertores, te aninhando ao peito conforme você se enrolava toda e se entregava ao sono mais que merecido depois de tanta comoção.

— Ela já dormiu? - perguntou baixinho, vendo o marido assentir levemente. — Como ela está?

— Abalada, não parou de tocar na barriga desde que eu a coloquei na cama. - respondeu, sem tirar os olhos de você. — Eu quero que ele pague por tudo Eiji. E eu quero fazê-lo pagar com as minhas próprias mãos.

Bongo. É, Eijirou conseguia entender bem de onde vinha tanta raiva. Ele sentia o mesmo.

Ao se deitar ali, ao lado de seu pequeno tesouro — porque sim, você agora era um tesouro na vida dele que em tão pouco tempo conseguiu ocupar um espaço grande no coração dele — e de seu amado marido, ele conseguia entender plenamente o porquê da vontade assassina de Katsuki.

Você só tinha dezenove anos, e era uma garota tão inteligente, tão doce e de personalidade forte, e por culpa de outra pessoa teve que passar por coisas insuportáveis somente para sobreviver.

Era demais, saber que você tinha passado por tudo aquilo e sem ter alguém que pudesse te acolher, te dar um colo, te abraçar. Eijirou não conseguia entender porque machucava tanto saber que você tinha passado por tudo isso.

E isso só fez com que ele queresse se agarrar mais à você.

~.~

o quanto surtaram nesse capítulo?

𝐌𝐀𝐓𝐄𝐒, 𝐚 𝐊𝐢𝐫𝐢𝐬𝐡𝐢𝐦𝐚 𝐧 𝐁𝐚𝐤𝐮𝐠𝐨 𝐬𝐭𝐨𝐫𝐲 (𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄)Onde histórias criam vida. Descubra agora