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Era a quinta vez que você teve de segurar um gemido de pura dor e sensibilidade. Suas sobrancelhas franziam em razão à sensação desagradável, e os olhos — atentos como os de um gavião — não desviavam daquela que estava em sua frente.

— E aí? Quão grande é o estrago? - perguntou o alfa de olhos azul turquesa, braços cruzados e olhar afiado em cada canto que encostava em você.

Sim, ele havia chamado de fato uma médica pra você. Sua surpresa foi maior por não ser um homem, tendo em visto que se trata de uma máfia, e famiglias se sentiam mais à vontade com o espécime que vinha com um pau entre as pernas. Não que só porque tinha pau significava que era homem é claro, mas os chefes de gangue dificilmente ligavam para transgêneros e transsexuais e preferiam aqueles que se portavam como vieram ao mundo.

— Olha, pelas fissuras que pude observar no canal vaginal e no anus, se não tratar com cuidado provavelmente ela pode contrair alguma bactéria. As paredes estão bem laceradas também, e da pra ver os machucados do lado de fora de ambos orifícios. – a médica, uma beta, disse em um suspiro, olhando para seus olhos agora. — Vou receitar alguns antibióticos mas o que você vai precisar passar mais é a pomada, ok? - você assentiu, sem desviar o olhar do dela. — Agora farei os testes para possíveis doenças. – anunciou e voltou a mexer na sua piriquita.

Sem expressão, observou Dabi também bem atento ao o que acontecia entre suas pernas.

Era bom que ele visse a situação que o “amigo” dele havia te deixado. Esperava que no fundo ele não fosse tão perverso quanto e que na verdade não estava ali se corroendo de tesão.

— Obrigada, beta. – Dabi assentiu, levando a médica até a porta. — Esses são todos os remédios?

— Sim sim, deixei prescrito o horário para cada um mas em geral a maioria é de 12 em 12 horas. – respondeu gesticulando com a mão, até parar ele quando já estava na porta. — Vê se não vai deixar a menina pior, Dabi. – grunhiu baixo a baixinha, olhando no fundo dos olhos do alfa. — Só deus sabe o esforço que eu tive que fazer pra não deixar transparecer o quão horrorizada eu fiquei com a situação dela, então por favor-

— Relaxa Ochako-san, não vou fazer nada com ela. – assegurou, a cortando.

— Quem fez isso foi aquele desgraçado, não foi?

— Se sabe, por que pergunta? - e fechou a porta na cara da morena, voltando para onde você estava.

Tentando vestir o shorts largo que ele tinha lhe dado, era o que você fazia. “Tentar” sendo a palavra mágica para o esforço que você depositava em tal atividade. E tudo porque, cada movimento que você fazia era uma dor diferente sentida. Você estava um caco e em sua feição isso era refletido sem filtro algum.

— Vai ficar aí parado me encarando até quando? - perguntou irritadiça, mas sem levantar os olhos para ele.

Dabi sorriu.

— Precisa de ajuda?

— Isso é você se oferecendo? - retrucou sarcástica, levantando os olhos a tempo de ver o sorriso na cara deformada ir se desfazendo aos poucos.  — Sim, eu quero ajuda. – respondeu em um muxoxo, arrepio subindo à sua espinha com a aproximação dele e o pensamento de que você não poderia se sentir tão á vontade ali. Afinal, ele era inimigo.

Dabi a ajudou colocar o shorts sem hesitar, porém quando estava quase alcançando o cós, parou o movimento das mãos, levantando o rosto para encarar seus olhos.

— Não acha melhor se trocar depois do banho? - disse e sua respiração ficou presa.

Banho. Há dias não sabia o que era isso.

𝐌𝐀𝐓𝐄𝐒, 𝐚 𝐊𝐢𝐫𝐢𝐬𝐡𝐢𝐦𝐚 𝐧 𝐁𝐚𝐤𝐮𝐠𝐨 𝐬𝐭𝐨𝐫𝐲 (𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄)Onde histórias criam vida. Descubra agora