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Um silêncio ensurdecedor.

Era assim que você encarava os corredores em que ia passando com Eijirou em seu encalço. Uma mão parada na parte baixa das suas costas e um semblante sério, ainda que tranquilo, no rosto.

Você não era uma otária lerda que não sabia de nada. Podia não ter vivido muitos romances na curta vida que levou e ainda leva, mas sabia reconhecer bem a palpitação incessante de seu coração e os borbulhos no estômago. Eram sinais de que alguém, ou alguém's, estavam mexendo com você.

E nesse caso era o plural.

Sua respiração estava ofegante, mesmo sem ter feito muito esforço ao subir as escadas e entrar no corredor do quarto deles. Do seu quarto. Paredes estampadas com o bordado mais fino, contrastando suas cores escuras com as portas de madeira maciça marrom, que de tão bem polidas reluziam com a luz das lâmpadas.

Parecia uma casa mal-assombrada, só que bem limpa e cheirosa.

— Finalmente! Tava quase indo lá embaixo buscar vocês.

Um risinho acabou escapando quando viu o loiro sentado na ponta da cama com os braços cruzados e uma expressão que você reconhecia dos primeiros dias em que passaram juntos. O ar pareceu ficar mais suave, e você passou a resfolegar menos. Mas o coração seguia palpitante.

— Levou um tempo pra conseguir tirar ela da pista de dança. S/N parecia estar no mundo da lua enquanto descia e subia em cima de uma cadeira. - Eijirou respondeu, rindo quando deixou um tapinha no braço dele.

— Que mentira! - rebateu, sabendo que no fundo se ele tivesse chegado um pouquinho mais tarde você ia estar mesmo subindo e descendo em cima de uma cadeira. — E você sabe o tamanho desse lugar, daquele salão até aqui é quase uma caminhada. - disse, adentrando mais o quarto e indo em direção do outro alfa, ouvindo a porta fechar.

— Eu consegui fazer o caminho todo em menos de cinco minutos.

— Você não está de salto.

— Engraçado que você ainda parece baixa.

— Perto de vocês? É claro que sou. Perto do Roy? Pff, pareço uma avatar. - Eiji riu, puxando uma cadeira e trazendo pra perto da cama, colocando de frente para onde Katsuki estava. 

— Senta aqui, menina grande. - o mais alto deles zombou, gesticulando para que você sentasse na cadeira.

Sem esperar mais um segundo — porque o salto já estava comendo seu pé vivo — você o fez, sentindo mais um borbulho no ventre com o sorriso satisfeito que Katsuki deu.

— Isso, boa menina. - revirou os olhos com o comentário, mas ainda sorria. Não desviou os olhos dos dele, somente quando Eijirou se sentou na cama também, ocupando parte de sua atenção.

— Eu sei ser boa. - deu de ombros, e eles soltaram um risinho cúmplice, mas assombradamente, mudando a expressão para a mais calorosa possível com você.

— Nós sabemos, princesa. - o ruivo assegurou, e você desviou o olhar para o alfa loiro.

— Você deve imaginar o porquê de estar aqui, né? - Katsuki começou, confuso e nervoso, sem saber como iniciaria de fato o que precisava ser falado. — Digo, você já esteve aqui, mas agora, esse momento...você sente também, não sente?

Piscando devagar, você assentiu. Olhos brilhando com emoções não faladas e coração bombeando feito louco.

— S/N querida, sabemos que você nos conhece há pouco tempo. Você na verdade conhece Katsuki há mais tempo do que eu, e sei que a nossa vida, e principalmente, a sua vida não foi fácil. - Eijirou disse, tomando as rédeas da situação. — E eu sinto muitíssimo por tudo que você passou. Uma garotinha não deveria jamais conhecer esse lado feio da vida. - suas sobrancelhas tremeram, e precisou morder o lábio para não deixar que uma lágrima escapasse ali mesmo. — Eu e Katsuki temos nossa história também, passamos por muita coisa e...vimos muita coisa que nossa, não tem nem como explicar. - exasperou, passando a mão pelo cabelo. — Mas, nada se compara ao que eu senti quando vi as marcas no seu corpo, princesa.

𝐌𝐀𝐓𝐄𝐒, 𝐚 𝐊𝐢𝐫𝐢𝐬𝐡𝐢𝐦𝐚 𝐧 𝐁𝐚𝐤𝐮𝐠𝐨 𝐬𝐭𝐨𝐫𝐲 (𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄)Onde histórias criam vida. Descubra agora