Quando se iniciou o inverno, o frio intenso era propício para os costumes típicos voltarem. Em uma manhã desses tempos frios, Kanroji deu pulinhos de alegria por finalmente poder tirar seus cachecóis e gorros do armário. Optou por um cachecol e luvas de um tom claro de rosa. Despediu-se da mãe com um beijo na bochecha e saiu de casa aos tropeços rápidos; estava atrasada, o que não lhe era de costume.
Na calçada em frente a sua casa, Obanai lhe esperava, com os braços cruzados. Eles deram-se bom dia, antes que o moreno começasse a reclamar:
-Quando irá regular seu relógio?
-Está congelando, queria ter ficado na cama! -Ela resmungou, estremecendo- Ei, seu cachecol...
Obanai olhou para baixo. Sua mãe havia praticamente lhe obrigado a se agasalhar devidamente, e na pressa e má vontade, o cachecol não estava enrolado o suficiente para lhe esquentar. Kanroji sorriu de canto; enquanto usava tecidos rosas para lhe esquentar, os dele tinham uma tonalidade acinzentada neutra, como quase tudo que usava.
Mitsuri levou as mãos até o cachecol e o desenrolou. Obanai arregalou os olhos, mas não lhe interrompeu; ela sabia o que estava fazendo. Kanroji enrolou-o pelo pescoço do amigo com calma.
-Está apertado? -Obanai negou, e Mitsuri sorriu e se afastou- Ótimo, vamos!
Manhãs como aquelas se tornaram totalmente frequentes para eles. Mitsuri se viu em uma nova rotina com um novo companheiro, e com o tempo que começava a passar, Obanai se rendia a um fato que já não era mais questionado; a presença da garota não era insuportável, pelo contrário.
Estar ao lado dela não era nada ruim.
Kanroji tinha muitos amigos, os quais ela tentou adaptar Iguro em seu ciclo social, bom, o que ainda tentava. Não era a coisa mais fácil, mas não iria desistir. A cada novo dia, se tornava óbvio o quão próximos ficavam. Não estar com Obanai dava uma sensação estranha a ela, uma sensação de que talvez estivesse o deixando, abandonando. E não queria isso. Kanroji se preocupava muito com o estado emocional de Obanai, o qual nem mesmo ele parecia se importar.
Em um certo dia comum, Mitsuri recebeu uma nova mensagem dele, logo pela noite:
OBANAI:
Não vou estudar amanhã. Tenho
exames, no hospital.YOU:
Ok, está tudo bem?OBANAI:
Está sim, são de rotina.YOU:
Me avise para qualquer coisa
que precisar.Não era incomum. Mitsuri aprendeu que Obanai constantemente fazia pilhas e pilhas de exames, desde o seu nascimento. Iguro não comentava sobre sua condição de saúde, mas quando assim fazia, não parecia entristecido ou melancólico. Como se houvesse se acostumado. Kanroji se entristecia com isso, mas bem, não poderia fazer muito. O que poderia, já fazia; estar com ele e ser a amiga que Iguro nunca tivera antes. Mitsuri sentia que ele começara a gostar dela, gostar deles juntos.
-Quer fazer algo hoje? -Questionou Kanroji em um domingo qualquer, enquanto estavam sentados na varanda, aproveitando do pouco sol que aparecera por aquela época; o início do último mês do ano-
-Já estamos fazendo, não? -Questionou Obanai, observando um pássaro que parara em sua cerca. Estava sem máscara, Mitsuri começara a se acostumar em vê-lo sem a máscara; Iguro era tão bonito que lhe atraía muito da atenção-
-Estou falando de ver algum filme, ou sair um pouco! -A mais alta balançou os pés na escada, sua saia rosa longa balançou consigo-
-Não posso sair muito de casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DO OUTRO LADO DO PARAÍSO; ObaMitsu.
Hayran KurguMitsuri vivia sua vida de forma simples e feliz, procurando sempre ver o lado bom de quaisquer circunstâncias. No entanto, quando a casa vizinha a sua recebe novos moradores, sua curiosidade cai diretamente sobre o filho da família; um garoto que nã...