você olha pela janela as 20:48
as árvores da sua rua estão
secas
o chão está molhado
você vê as luzes do prédio
que você queria morar
você não vê
ninguém
suas bochechas esquisitas tocam
a grade gelada de ferro
verde
e seu nariz esquisito
respira o ar úmido
e os seus olhos esquisitos
não veem ninguém
a televisão está no andar inferior
ligada
dizendo ao nada, qualquer
coisa
e você ouve os cachorros
latindo e os gatos
miando
esse pequeno desespero
falso
como flores de plástico
- esteticamente muito bonito e
e morto, essencialmente
morto
te invade.
os números da minha lista
telefônica, você pensa
existe com certeza alguém
e cai sobre você a metafísica assassinada:
não há um número sequer
entre centenas
que moverá o ponteiro. São sempre
20:48
seus pés esquisitos agora
sapateiam o chão