indiferença

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por baixo da carcaça do seu peito
existe algo
frágil
queimando
acelerado

você deve ter, com sorte
pouco menos da metade
da vida
pela frente

o que você não quer é falar
com as portas e com as 
paredes
quando as suas palavras
dizem mais do que
você gostaria
de sentir

se quer o fique
quando se fecha a porta na saída
ou se quer o vá
quando se deita ao lado para
implorar
compaixão

se quer ouvir algo
real.

o veneno na agulha que adentra
suas veias é apatia
a característica humana de
despreocupação e desapego
a maldita indiferença
é o prego do teu caixão

o cobertor e as luzes de natal
e as portas do guarda-roupas
e as caixas de livros
são as únicas companhias
no seu quarto
apesar de uma mulher
dormir
ao lado

a insalubridade de pensar
enquanto se ouve
do lado de fora
do quarto
as risadas
vindas de dentro

mas o que convém
quando não convém conhecer
alguém
até o final?








Depois do amor vem o quê?Onde histórias criam vida. Descubra agora