alguns dias sinto que a
coisa indefinida que me
move
está prestes a
realizar uma última dança
e escorrerá pela palma
de minha mãonão posso apertar
ela seria esmagadase afrouxo meus dedos
escorre feito
água
e se mistura à coisas que
não quero
segurarnesses dias o que me
incomoda é a ausência
e a dormênciasinto tudo e
tudo
é alheio
nada convém
todo esforço é um delírio
buscando soluções
para problemas que não
existem além dos ossos
que circulam
meu cérebroesse ácido corrói minhas veias
quero escrever, não consigo
quero gritar, é estúpido
parar de pensar é inútil
onde diabos fica a saída
da minha
própria cabeça?