rebote

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narizes tocando e olhos firmes
com vozes macias
falando e ouvidos atentos
ouvindo e o que é dito
é irreversível
cravado com tinta preta em nossos
cérebros
nos lembrando
constantemente
nós construímos isso
nós
construímos
isso

lá fora eles estão se segurando
ao desespero
agindo em nome da abstinência
do sentir-se bem com alguma
pessoa
enfeitando o bolo que decora
a mesa
na festa da solidão

negligenciando que o real é mais
atrativo que o perfeito

eles jamais sentirão o que sentimos
nem poderão formular
nada que não seja
especulação moral
sob algo
para tais, incompreensível:

é antes de mais nada
impossível amar sem
estar desarmado
e estar desarmado
é estar vulnerável

somente os que compreendem o veneno
na navalha compreendem
que amor é um corte
exposto aos elementos

mas nós entendemos. Nós
somos a resistência, a
cura mútua e por isto
também o alvo que
para todos os efeitos
torna o gosto do deboche
quando em plena chuva de
dezembro nós dançamos
ao raiar do dia
muito melhor

Depois do amor vem o quê?Onde histórias criam vida. Descubra agora