a doença

18 1 0
                                    

cá estou
sentado bem no meio de uma
sala sem
móveis, com tantas cinzas
pelo chão e tanto barulho
na cabeça que
enlouquecer parece
uma saída e não
consequência

me viro ao avesso quando o sol
se põe
e esse inferno diário é pessoal
singular
tao íntimo que descrevê-lo é
certamente mais vergonhoso e
aterrorizante que
estar nu
alvejado pela mira de
uma mulher
sádica

cujo a língua formula
as frases mais
doces
que ouvidos
amantes podem ouvir
mas os olhos
os olhos derretem a farsa
como o fogo
encerrando os ciclos da alma

e as labaredas aqui
desse lamento
infernal são
os porquês
a pele é a pergunta

que pelas respostas
enferma
decompõe-se na
fumaça

que voa
do cigarro e dos pulmões
com origem, sem
destino

errado sobreviverei
até que luz invada
enquanto
as perguntas fizerem
sentido
sobreviverei

sendo o alvo das respostas
ainda que não
intencionalmente
falsas,
falsas.

Depois do amor vem o quê?Onde histórias criam vida. Descubra agora