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Os dias mais difíceis nesse período longe de Wangji  foram os que antecederam as festas de fim de ano. Seria o primeiro Natal de Bea, e passaríamos a data sem ele.

A turnê seguia para o Oeste. Eles fariam dois shows em Bankok, um na véspera de Natal, o outro no dia 25, o que o impedia de voltar para casa. Depois dessas apresentações, a banda ainda passaria mais uma semana em território norte-americano antes de voar para a Europa, onde a turnê continuaria até a primavera, quando eles voltariam para a China. Eu ficava cansado só de pensar em todas essas viagens.

Mas tinha que reconhecer: Wangji  cumpria a promessa de falar comigo pelo Skype dia sim, dia não. Por mais que eu esperasse ansioso por essas conversas, era cada vez mais difícil ficar longe dele. Os dias se passavam, e a lembrança da noite em Luoyang ia ficando distante. A confiança que aquela noite havia me dado se transformava lentamente em medo e insegurança. Eu confiava mais em Wangji  depois daquela noite de amor, mas ele ainda não tinha dito que me amava. Na minha cabeça, isso significava que nada era definitivo. Ele ainda passaria mais doze semanas longe de nós, e a associação de todos esses fatores resultava em um namorado paranóico.

Faltavam dois dias para o Natal. Bea e eu fomos convidados para uma Festa do Suéter Feio na casa de Mingjue e Guangyao. Wangji  telefonara mais cedo para avisar que tinha acabado de chegar à Bankok. A festa era bem-vinda, porque me impediria de ficar sentado na frente da árvore de Natal me consumindo em mau humor.

 Fui a um brechó e comprei um suéter vermelho horroroso com pequenas lâmpadas de Natal costuradas na frente. Consegui encontrar um macacão de Natal bem horrível para Bea. Estávamos prontos para a festa.

Fazia muito frio, então agasalhei Bea e corri para a casa dos vizinhos, que estava iluminada com lâmpadas coloridas. Um boneco de neve inflável balançava ao vento na frente da casa. Viver à beira-mar no meio do inverno não era o arranjo ideal.

Carregando os cookies que havia assado pouco antes, bati na porta com o pé, já que não sobrava mão.

Mingjue me recebeu.

— Wuxian , você veio! Guangyao não tinha certeza se você viria.

— Eu não ia perder essa festa — falei, entregando-lhe o prato com os cookies.

 — Yao está na cozinha?

— Sim. Você é o primeira a chegar.

— Faz sentido. — Eu ri. — Meu trajeto é o mais curto.

Quando eu me dirigia à cozinha, Mingjue me chamou.

— Wuxian ?

— Sim?

— Desde que Yao voltou, não tivemos chance de conversar. Sempre me senti meio esquisito por não ter contado sobre nossa reconciliação.

— Você não me devia explicações. Já contei a ele que nunca aconteceu nada entre mim e você.

— Eu sei. E fico muito feliz por serem amigos. E quero que saiba que também sou grato por sua amizade em um tempo em que realmente precisava disso.

— Estou contente por vocês.

— Obrigado. — Ele fez uma pausa. — E você?

— Eu?

Mingjue inclinou a cabeça.

— Está feliz?

— Estou. Só um pouco sozinho, agora que Wangji  está viajando.

— Você sempre disse que não havia nada entre vocês dois...

A imensidão do meu amorOnde histórias criam vida. Descubra agora