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Uma semana depois, Wangji havia se tornado praticamente um astro da noite de Yunmeng. A clientela do Sandy’s tinha quase dobrado em relação ao que era antes de ele se tornar a atração musical noturna. É claro, os clientes mais recentes eram principalmente ômegas jovens que haviam ouvido falar do novo músico da casa.
Certo dia, num fim de tarde, Qingyang e eu saíamos para trabalhar, quando o celular dela tocou.
— Merda. Espera um minuto, é meu agente.

Esperei na porta enquanto ela atendia à ligação.
Depois de alguns segundos, notei que suas mãos começaram a tremer.
— Mentira. Você está brincando comigo! — Qingyang cobriu a boca e começou a pular sem sair do lugar. — Ai, Meu Deus! Ai, meu Deus! Sim, é claro que posso — gritou, eufórica. — Obrigada, Andy. Obrigada por ter me avisado! Ai, meu Deus! E agora? Tudo bem. Tudo bem. Eu ligo para você à noite — concluiu ela, antes de desligar.

— O que aconteceu?
Qingyang gritou de alegria e me abraçou, apertando os ossos do corpo magro contra o meu.
— Fui escalada como suplente para um papel importante em The phenomenals... na Broadway! Foi uma das duas audições que fiz na semana passada. Nem tinha muita esperança, achei que seria bem difícil. Meu agente não ia nem me avisar dessa oportunidade! — ela gritou de novo, e Wangji apareceu na escada.
— Que diabo está acontecendo aqui?

Qingyang correu e se jogou nos braços do namorado.
— Gato, fui escalada como suplente para o papel de Veronica em The phenomenals!

— Sério? Puta merda! Isso é incrível! — Ele a tirou do chão e a girou no ar.

Constrangido e deslocado, pigarreei e disse:
— Parabéns, Qingyang. Estou muito feliz por você!

Wangji finalmente a pôs no chão.
— Quando isso começa a acontecer de verdade?

— Eles querem que eu me apresente em Nova York em dois dias.

Ele perdeu um pouco do entusiasmo.
— Ah, merda. Bom... hum... Queria não ter me comprometido com as apresentações no Sandy’s. Eu poderia ir com você.

— Tudo bem. São só mais duas semanas no Sandy’s. Vai passar rápido.

— É.

Qingyang sorriu.
— Não maltrate o Wuxian.

(....)

Desde que Qingyang foi embora, Wangji passou a se esforçar para ficar no quarto durante o dia e também me ignorava no restaurante. Ele nunca mais tocou “Ele gosta de olhar”.

Além da minha presença intencional na cozinha quando eu sabia que ele estava fazendo café, não havia outra interação. Era como se a partida de Qingyang aumentasse ainda mais a distância entre nós. A situação continuou inalterada por alguns dias, até que, uma tarde, tudo mudou.

Eu havia acabado de chegar em casa depois de ter feito o horário da tarde no Sandy’s, quando ouvi um barulho esquisito no andar de cima. Sem pensar em nada, subi a escada correndo e encontrei Wangji ajoelhado no chão, com o rosto quase dentro do vaso sanitário.
— Meu Deus, você está vomitando?

— Não. Estou fazendo um boquete na privada. O que você acha?

— Comeu alguma coisa estragada?
Ele balançou a cabeça antes de vomitar novamente. Virei para o lado e fechei os olhos até ele terminar.
— Precisa de alguma…

— Sai daqui, Wuxian. — Ele deu a descarga.

Tem alguma coisa em uma pessoa vomitando e indefesa que faz a gente notar a criança que há nela. Apesar de Wangji tentar bancar o durão, ele parecia vulnerável naquele momento.
— Tem certeza de que não quer…

A imensidão do meu amorOnde histórias criam vida. Descubra agora