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                     EPÍLOGO

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LAN WANGJI


Nunca, nem em uma porra de milhão de anos imaginei que minha vida seria assim.
Juro que, se tivesse perguntado à minha versão de quinze anos transbordando de hormônios onde eu gostaria de estar em uma década, ela provavelmente teria respondido: “Em uma ilha com o Tapa”.

Acho que algumas coisas nunca mudam, porque essa seria minha resposta hoje. Naquela época, isso era como um sonho inatingível, mas hoje essa é minha realidade.
Vendo Wuxian brincar com Bea na beira do mar, pensei na evolução dos papéis que ele havia representado em minha vida.
O ômega misterioso com o tampão no olho.
O melhor amigo.
A fantasia adolescente.
O ômega que roubou meu coração, o partiu e levou os pedaços com ele quando foi embora.
O amigo ausente.
O roommate proibido pra mim.
O namorado.
O mamã dos meus bebês.
Ele nunca esteve mais sexy que agora. Wuxian começou a exibir os sinais dos quatro meses de gravidez, principalmente  na bunda.
Eu o pedi em casamento há um ano, no dia 26 de julho, alguns meses depois de voltar da turnê. Ia esperar, mas decidi que tinha que fazer o pedido naquele dia e que nos casaríamos exatamente um ano depois. Essa data tinha um grande significado para mim, porque 0726 era a última sequência de números da minha tatuagem de código de barras e representava o dia em que ele foi embora, uma década atrás. Eu estava determinado a redefinir o significado daqueles números. Agora, aquela data, hoje, seria, pra sempre, o dia em que ele se tornou meu marido.
Não queríamos um casamento chique, só uma cerimônia privada com nós três na praia. Nos casaríamos ao pôr do sol e comeríamos a comida favorita de Wuxian, caranguejos, aquela coisa fedida, e lagosta.
Descobrimos que Mingjue, nosso vizinho, havia sido ordenado fazia alguns anos e podia realizar a cerimônia.

Por uma dessas ironias, Mingjue Pegador agora era meu amigo, embora eu não perdesse uma chance de irritá-lo.

Gaivotas alçaram voo quando Bea correu em minha direção. Com o vestido molhado, ela me deu uma conchinha.

— Papai! Azul!
— O que tem para mim, Lan Wei Luo?

Wuxian limpou a areia da saia de Bea e explicou:
— Estávamos procurando uma coisa velha, uma coisa nova, uma coisa emprestada e uma coisa azul para a cerimônia de casamento. E encontramos essa conchinha azul.

— É perfeita, Abelhão — falei, devolvendo a conchinha para ela.
— Falta o resto — avisou Wuxian, tirando alguma coisa do bolso para dar a Bea.
— Temos uma coisa nova, mas é sua, não minha. Bea, dá para o papai.

Minha filha me entregou uma caixinha. Dentro, havia uma palheta com a inscrição: “Obrigada por ter me escolhido”.

Eu a abracei e murmurei:
— Obrigado por você ter me escolhido, querida. Adorei o presente.

Depois do casamento, eu adotaria Bea legalmente. Ela estava com dois anos e era muito apegada a mim, mais do que nunca. Felizmente, o babaca do Chao abriu mão dos direitos parentais sem protestar.

Eu não tinha do que reclamar. Continuava trabalhando para a empresa de software e tocava no Sandy’s algumas noites por semana. Recebi uma proposta para fazer outra turnê com um artista menos conhecido, mas recusei. Por mais excitante que fosse a vida de músico, o lado negativo superava o positivo. Eu não queria perder esses momentos preciosos com minha família. Antes, pensava que a música era minha vida. Estava errado. Meus ômegas são minha vida.
— Muito bem, temos uma coisa nova e uma coisa azul. Agora precisamos de algo emprestado e algo velho — falei.

Wuxian envolveu os braços em meu pescoço.
— Estava pensando em dar uma olhada nas coisas da minha avó, no cofre. Não mexi naquilo desde que a gente se mudou. Tenho certeza de que lá tem alguma coisa velha.

Levantei da areia.
— Vamos lá ver.

Voltamos juntos para casa. O conjunto de calça e blusa branco e simples de Wuxian estava pendurado na sala. Eu ficava atordoado só de olhar para ele, pois sabia que naquela noite ele se tornaria oficialmente Lan Wuxian, embora um pedaço de papel não tivesse importância. Wuxian era meu desde sempre. Fiquei olhando enquanto ele abria o cofre. Saber que ele esperava um filho meu mexia comigo. Admirar o formato de seu corpo em transformação e saber que eu era responsável por isso provocava em mim uma reação primitiva. Meu apetite sexual era uma loucura; felizmente, o dele também. Mal podia esperar pela nossa noite de núpcias.

Bea dormiria fora pela primeira vez, na casa do Mingjue e Guangyao. Eu pretendia tirar proveito da casa vazia... e de Wuxian.

O cofre ficava atrás de um quadro, numa das paredes da cozinha. Ela, enfim, conseguiu abri-lo. Eu me aproximei para ver o que tinha lá dentro.
Documentos, algumas joias e muitas fotos.
Peguei um broche feito de pedras brilhantes e a coloquei na mão de Wuxian, beijando sua testa.
— Ficou lindo. Pronto, você já tem uma coisa emprestada. — Por um momento, vi em seu rosto os ômegas que me arrebataram o coração, Bea e o pequeno Tapa.

Wuxian começou a olhar as fotos, algumas da mãe e do avô. De repente, ele parou ao tocar uma Polaroid. Senhora B. adorava fotografar com câmeras antigas, mesmo na era digital. A foto na mão dele era de nós dois, provavelmente com dez e onze anos.

Estávamos sentados na escada desta mesma casa, e a foto foi tirada de trás. Eu segurava meu primeiro violão, e Wuxian descansava a cabeça em meu ombro. Senhora B. havia escrito com caneta azul na base da fotografia: “Era assim que tinha que ser”.

Peguei o retrato da mão de Wuxian para examiná-lo de perto.

— Uau.
— Aí está a prova, Wangji . Ela deixou a casa para nós porque sabia que isso nos aproximaria. Sabia que encontraríamos esta foto e esperava que ela nos fizesse lembrar de como havia sido idiota o nosso afastamento. Provavelmente não acreditava que nos reaproximaríamos sem ajuda. Ela queria mandar uma mensagem para nós. — Wuxian olhou a fotografia.

— Veja. Que lindo. Pensa em todos os anos que perdemos.

— Aconteceu como tinha que acontecer.

— Você acha?

— Sim. Pense bem. Sem toda aquela frustração acumulada, não teríamos feito tanto sexo selvagem. E talvez não tivéssemos criado a menininha que está na sua barriga.

Descobrimos dias antes que o bebê era uma menina. Daríamos a ela o nome de Lan Yifei.

— Sei que o que vou dizer é estranho, já que não quero pensar em você com aquele babaca do Chao, mas, se não tivéssemos nos separado, Bea não existiria. Então, eu não mudaria nada. Nunca.

Olhei de novo para a inscrição na foto.
“Era assim que tinha que ser.”

Peguei uma caneta na bancada e encaixei uma palavra no meio da frase.

“Era assim (Bea) que tinha que ser.”

(....)

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A imensidão do meu amorOnde histórias criam vida. Descubra agora