51 - Rei Demônio

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 O castelo quase ruiu com o grito da horda que avançava na direção dos visitantes. Os Condes, Marqueses e Duques puderam disparar como predadores atrás de sua comida. Simon e Hassan começaram a se preparar para a chuva de golpes que chegaria. Hugo, porém, ficou paralizado com o fato que causou total desespero em sua mente. A ponta de seus dedos tocava o metal com tremor, pois era pouco, muito pouco, se comparado ao desafio que estava diante dele agora. Quantos demônios haviam na sala? Dezenas? Centenas? Não importava, era muito mais que as oito balas que lhe restavam.

Até mesmo o boldrié de balas de Hassan estava vazio. Havia pegado a munição restante dele durante a luta com Eligos e agora restava tão pouco. Teve de usar a baioneta como sua arma principal e avançou junto de Hassan na direção da horda. As chamas dos punhos do Velho Amir queimaram tudo que tocava. Os demônios que ousavam se encontrar com o Feral Lagarto eram destroçados ao mero toque. Hugo não ficava para trás, a baioneta rasgava a carne dos inimigos enquanto cortava o ar com maestria nos movimentos. Estocadas eram desferidas após cada corte para garantir que o alvo tinha falecido. A cada golpe, a horda infinita parecia reduzir um pouco, seja por medo ou baixas.

Os inimigos derrotados não permitiram que Hassan e Hugo saíssem impunes. Cada um recebeu alguns ferimentos de contra-golpes ou magias que os atingiram. Tudo dentro dos planos dos demônios, pois estavam apenas cansando os visitantes para que os mais poderosos tivessem vantagem considerável. O plano se tornou claro como os sóis quando perceberam que nenhum dos Arquidemônios havia movido um dedo sequer.

Simon estava ao centro da sala, próximo ao trono onde Baleam esperava com impaciência e sentado, olhando tudo e todos de cima. Se levantou e aguardou alguém chegar em seu alcance, mas estava desarmado, sem runas ou focos de conjuração. Nada indicava que era um conjurador, mas também não havia armas ao seu dispor como um guerreiro o faria. O Arquidemônio da Ambição parecia ser cauteloso, então o descuido e despreparo daquela cena eram questionáveis. Toda vez que avançava, algum Duque conseguia impedi-lo, seja com magia ou força bruta. Faziam algumas horas que praticamente morrera na luta contra Eligos, por mais que não houvessem feridas graves, ainda estava se recuperando da fadiga.

O Cosmo de sua aura banhava toda a armadura e espada de Astierr. Sim, podia ter sido afastado de Baleam, mas continuava avançando mesmo que em passos lentos. Literalmente recuava um passo para conseguir dar dois. Cortava e batia os demônios menores com seu escudo no caminho até o Arquidemônio, eventualmente conseguiria.

Baltazar olhava para o campo de batalha. Estava preso e sabia como escapar, mas precisava encontrar aquele maldito ponto fraco. Teve a ideia: não precisava de achar o ponto fraco, Eligos poderia destruir aquilo com a força bruta que superou a de Astierr. Dominação não era a Arte Arcana que Gaiola Dimensional impedia, então provavelmente conseguiria ordenar seus servos de dentro da gaiola.

Não queria procurar pelo ponto fraco, faria Salleos sofrer. Ordenou que Eligos fizesse a sua vontade e o Arquidemônio da Discórdia cavalgou em meio ao caos até a gaiola de seu mestre. Com um único soco, aquela prisão etérea estava em pedaços. O estrondo foi forte o suficiente para derrubar alguns demônios e ser ouvido por todo o castelo e seus arredores. Baltazar se viu livre e seu montante de Cosmo iluminou o lugar com tanta força que os poucos demônios que foram em direção de Guarda-Livros se cegaram por alguns instantes.

Ele andou calmamente até Salleos. Cada demônio que ousou entrar em seu caminho foi dividido em duas partes no mínimo antes de meramente ter alcance para atacá-lo. As veias saltavam por sua pele, a respiração pesada e os grunhidos que Baltazar faziam assustaram Salleos conforme ele se aproximava. Deu um passo para trás com a montaria. "N-Não é possível que ele consiga me derrotar, sou um Arquidemônio agora!" Desceu do crocodilo enquanto fechava o elmo de dois chifres e pegava sua lança.

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