44 - Heróis

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 Astierr estava perto do seu limite. Uma coisa era horas de combate com soldados lestinos prontos para matá-lo, outra é uma horda de mortos-vivos e Dullahans, seguidos por um raio crepitante capaz de devastar toda uma ilha semi-baldia. Quando o raio finalmente atingiu Glória aos Inocentes, o Santo Furioso foi arrastado para trás por vários metros, quase sendo derrubado. Era muito difícil quebrar a defesa de Astierr, sendo necessário quatro ou mais adversários para tal, mas não quando se tratava de um raio de destruição em massa.

A muralha feita de Cosmo vacilou com o golpe, tremendo e ficando irregular, sendo amassada e quase quebrando em pedaços. O raio ficou de forma contínua por incríveis sete segundos, segundos esses que aqueceram o Escudo de Abaraf. Aquele mesmo escudo que repeliu a baforada do Dragão-Demônio cinzento perfeitamente e ficou intacto. Pelo visto, uma magia com cinco linhas conjurada por um cajado de um Rei Demônio que a potencializava era algo extremamente mais poderoso.

Quando o raio se encerrou, Astierr foi finalmente jogado para trás. Jogou para o lado seu escudo que estava fervendo sua pele. Ao olhar novamente, viu que estava quase derretido e sua aura gélida se fora. A ilha inteira, porém, estava intacta. Acreditou que podia relaxar, mas errou, pois Stolas estava bem ao seu lado. Obviamente, a Coruja-Demônio era esperta e um hábil conjurador, um Mestre na Arte Arcana da Dominação.

Ordem ao Servo atingiu Astierr de maneira súbita, não houve tempo para sequer se defender. Mesmo que houvesse, como o faria? Não era um golpe, era simplesmente parte da crueldade que foi criada pelos demônios. O Santo Furioso se viu paralisado, nem mesmo um dedo se movendo. Os bicos de Stolas sorriam quando disseram com sua voz gralhada e estridente:

— Andas ao campo de batalha e matas o que não há de ser demônio ou morto-vivo.

Astierr tremeu e o pânico que se instaurou na sua cabeça. O que faria? Mesmo que não entendesse muito sobre magia, sabia que aquilo era uma coisa ruim. Seus passos foram firmes e determinados até a direção da infantaria, não conseguia se mover à sua vontade e finalmente sacou sua espada mais uma vez. Porém, conseguiu pensar num plano para evitar, mesmo que idiota, funcionou.

Forçou-se a pensar em outro campo de batalha. Havia outra frente de combate a alguns quilômetros dali, justamente a ilha costeira Oeste. Ele continuou reto até o mar e então nadou. Diversos soldados que ainda lutavam não entenderam e simplesmente foram em direção à Stolas, que ainda não tinha recuperado completamente sua asa ferida. Cinco soldados chegaram rapidamente até ele e começaram a golpeá-lo. Foi difícil para a Coruja-Demônio não ser abatida naquele momento.

Belchior, que ainda estava agonizando com a dor da explosão de seu rifle de longo alcance, Centelha, finalmente estava mais disposto. Foram longos trinta segundos no chão ouvindo o zunido em seu ouvido quando finalmente conseguiu se levantar e ver que as manoplas estavam danificadas e quase inutilizável. Não só isso, como havia ferimentos pelas suas palmas de arranhões e pequenas queimaduras.

A luta ainda seguia, Gabriel pelejava com Seire, que destilava ódio por não conseguir muito mais que alguns golpes contundentes e pequenas perfurações no Santo Mestiço. Ele sabia se defender, mesmo que Fulmingard fosse uma arma mais ofensiva em comparação às demais. Seu treinamento com seu irmão permitia que ele não morresse no primeiro golpe que o atingisse no campo de batalha. A cada golpe, a alabarda irradiava mais e mais aquela energia cinética, irradiando em tom verde claro.

O Forjador de Bravo começou a pegar suas pistolas e carregou ambas com um cansaço imensurável, quando olhou para Stolas, estava apanhando para os cinco soldados que o cercavam e golpeavam sem menor pudor. Estava distante de Gabriel e Seire, simplesmente começou a correr atravessando o campo de corpos mortos aos seus pés, mas subitamente uma mão agarrou seu pé, imobilizando-o.

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