Limiar da Realidade

2 - Visitantes

A Vila dos Cordeiros não possui esse nome por simples capricho, boa parte do rebanho do lugar é feito por ovelhas e carneiros. E lá estava, diante de alguns rebanhos uma criatura imponente com quase oito metros de altura, a pele num tom roxo tão sombrio que parecia sugar a luz ao seu redor, um corpo repleto por uma carapaça de escamas que servia como uma armadura natural ao mesmo passo que asas surgiam de suas costas, similares a de um morcego musculoso, brandiam um ar venenoso que parecia consumir tudo ao seu redor. O demônio não estava sozinho, diabretes do tamanho de porcos portando tridentes voavam ao redor, começaram a espalhar-se pelo vilarejo e o caos fora semeado, brandindo seu montante com apenas uma de suas seis mãos, o demônio deu um golpe furioso nos cordeiros enquanto urrava de ódio. Sangue e laceras de carne voaram, apesar do susto, os rebanhos não tinham agilidade para simplesmente fugir.

- (Demoníaco) MALDIÇÃO! HERÓIS MALDITOS! COMO OUSAM ME TIRAR DE MEU CASTELO!? - Gritava aos céus em fúria.

Caos e completo desespero explodiram em torno da vila, os diabretes começaram a demolir tudo que viam pela frente ao mesmo passo que os cidadãos da vila tentavam fugir de maneira inútil. Voando, os diabretes alcançavam facilmente qualquer um que não estava escondido, empalando seus alvos sem o menor remoso ou dificuldade, mas sem matar, pois queriam torturar cada um em seu caminho o máximo que podiam. Os poucos guardas corajosos que estavam no lugar abatiam a maior quantidade de diabretes que podiam, mas eram inúmeros, o maior problema era o que faria aquelas criaturas nefastas atacarem: O Grande Demônio, Gratkhy'aloth.

Apesar de apenas treinar e ser somente 3 anos mais velho que Baltazar, Astierr tinha muita garra, coragem e determinação. Vivia para ajudar e queria riquezas para um dia trazer as maravilhas que o mundo negou à Vila dos Cordeiros pela distância, tinha conseguido ir até um quartel dos Cavaleiros Santos e feito um treinamento, claramente o destino iria sorrir para Astierr quando as pessoas mais necessitassem e essa hora é agora.

Brandindo sua espada em uma mão e seu escudo em outra, Astierr passou diretamente cortante três diabretes pela rua principal em direção aos pastos, via ao longe Gratkhy'aloth e ao engolir seco de medo sabia que era o único na vila que tinha a técnica para lidar com alguma criatura, é ensinado entre os Cavaleiros Santos somente após sua formação como cavaleiro, mas Astierr tinha muita aptidão com seu Cosmo, mesmo sendo apenas um aprendiz, sabia e conseguia juntar o Cosmo em sua lâmina e em seu corpo, recitando sua conjuração, ele cortava caminho pela rua até o demônio:

Eu prometo proteger, amar e cuidar de toda a paz desta terra

Para que nunca caia em desgraça os sorrisos de quem vive nesta Era.

Sua lâmina emanou o brilho das estrelas em um tom dourado incandescente, cintilando através das runas inscritas na espada longa pareciam labaredas em seu brilho, seu corpo cobriu-se com uma aura fraca de mesmo tom cujo as estrelas brilhavam naquela manhã cinzenta e caótica, viu uma moça ser atacada por quatro diabretes enfileirados e numa disparada empalou os quatro de uma única vez, matando-os enquanto o sangue jorrava em sua couraça de metal, ele olhou para trás para ver o estado da donzela que estava assustada, mas esperta o suficiente para avisar de um diabrete que estava para empalar suas costelas. Sua aura rapidamente se concentrou no ponto do golpe refletindo o tridente e com o balançar de seus cabelos castanhos com mechas douradas, desferiu um golpe contundente com seu escudo, quebrando os ossos do crânio do diabrete desavisado.

Livrou sua espada dos corpos das criaturas e ao assentir quanto ao estado mínimo de segurança da garota, partiu em direção ao demônio com o pouco de coragem que lhe restava. Com todo seu Cosmo cobrindo seu corpo e sua espada, estava diante de Gratkhy'aloth com o gramado repleto de sangue de carneiro e corpos esmagados pelos pés da criatura gigante.