Um tipo diferente de monstro - Juliette Fairmont

Prologue

Desde sempre, o planeta terra foi enfestados de monstros, mais do que os seres humanos eram capazes de contar, mas por todo esse tempo, eles viveram escondidos ou, até mesmo, se camuflando entre os humanos. Ninguém era capaz de contar ou de registrar todas as espécies que andavam e viviam junto dos humanos, mas o que pode-se saber é que tudo que a mente humana é capaz de imaginar, desde a espécie mais hostil para a espécie mais inofensiva, já pisou nesta terra ou ainda pisa. 

Demorou muito tempo para o primeiro caçador surgir, por muitos anos acreditava-se que monstros eram apenas histórias contadas para assustar crianças mal educadas, mas tudo mudou. Quando um homem chamado Robert Donovan encontrou o primeiro ser das trevas na floresta em frente a sua casa, a criatura era tão grotesca que Robert não conseguia usar as palavras para expor o medo e o pavor que estava sentindo. 

A criatura era alta, tinha dentes extremamente afiados, seus olhos brilhavam como uma esmeralda incandescente, mas o que mais assustava o homem era a semelhança que aquele monstro tinha com os humanos, se aquilo não tivesse se alimentando do sangue de alguma vítima humana, Robert jamais iria desconfiar que aquele ser era sobrenatural. 

O monstro era forte, conseguia escutar o som dos ossos do pescoço daquela vítima sem precisar estar muito perto para isso. A criatura estava faminta e não iria parar até que estivesse totalmente satisfeito. O que Robert não esperava é que a pobre pessoa que estava servindo de banquete para aquele demônio da noite era a sua própria esposa. 

— Vicki! - Robert gritou em lágrimas, mas já era tarde demais. 

Aquele ser sanguinário não se importou ao escutar o grito do homem, a criatura sugou até a última gota de sangue do corpo da mulher e quando acabou, largou o corpo morto e gélido no chão como se tivesse descartando restos de uma maçã. 

O que mais marcou Robert, além de ver o corpo de sua esposa morta no chão, com os olhos tão assustados quanto os de uma criança que se assustou com algo dentro de seu guarda-roupa, foram os olhos sem alma e sem remorso que o monstro tinha, seguidos de um sorriso sádico, onde Robert conseguiu ver a ponta afiada de cada um de seus dentes cobertos pelo sangue de sua mulher. 

Desde esse dia, Robert Donovan nunca mais viu aquela criatura novamente, mas ele jurou que iria matá-la e que iria dedicar a sua vida procurando todas as criaturas malignas daquele planeta para poder vingar a sua esposa. Desde então, décadas se passaram, caçar se tornou parte da linhagem daquela família. 

Os Donovan não são os únicos caçadores, outras famílias também são extremamente famosas nesse ramo, como a família Burns e os Franklin, mas nenhum deles se compara ao histórico dos Donovan, principalmente pelo enorme histórico mortes, chegando a acabar com todos os monstros existentes em Savannah, tornando a cidade mais segura de todo o estado. 

Mas claro, apenas conseguir acabar com todos os monstros de Savannah não era o bastante, o foco da família Donovan não eram os monstros normais, existiam um tipo especifico de monstro que jamais conseguiu ser morto, não por falta de tentativa. Os vampiros imaculados eram imortais, mas estavam no topo da lista de alvo dos Donovan, pois esses vampiros são os responsáveis por matar vários integrantes dessa linhagem por anos, até mesmo a primeira vítima, Vicki. Desde então os Donovan e os vampiros imaculados se tornaram inimigos de guerra. 

Essa rivalidade se intensificou ainda mais quando um Donovan gravou um vídeo, registrando a suposta morte definitiva do primeiro vampiro imaculado. Desde então, apenas a família sabe desse segredo. Outras famílias de caçadores buscam tal segredo e fará qualquer coisa para tê-lo, enquanto vampiros imaculados, com a ajuda de todos os outros monstros, começaram a caçar todos os caçadores daquela família, mas, ainda houve sobreviventes. 

{...}

Uma década se passou e esse suposto vídeo se tornou apenas boatos e histórias que os caçadores contavam para os seus filhos ou netos. Mas havia uma mulher que ainda lembrava do passado de sua família e negava esse legado, pois ela acreditava que nem todos os monstros eram ruins, como diziam os caçadores ou qualquer outra pessoa que ainda lembrava que eles existiam.

E ela estava certa, depois de tantos anos lutando contra caçadores, atualmente, não existem mais tantos seres sobrenaturais como antes, claro, alguns ainda eram extremamente hostis, mas uma parcela queria apenas sobreviver e preservar a família que construíram ao longos dos seus anos imortais. Por mais que pareça irônico, monstros também podem construir suas próprias famílias.

Carina era essa mulher, a única de sua família que acreditava que existiam mosntros bons assim como existiam pessoas boas. Mas Carina era uma mulher especial, mesmo sendo filha de caçadores, seu sangue Donovan não foi o suficiente para lhe tornar uma caçadora.

— Vocês não vão levar a minha única filha, eu não sou deixar! - Gritou Carina, quando viu vários caçadores entrando em sua casa.

Seus pais não eram caçadores praticantes, eles matavam monstros apenas para sobreviver e isso não alegrava o clã de caçadores. A linhagem Donovan estava enfraquecendo e nenhum outro clã poderia ficar sabendo disso ou iriam tirar proveito da situação, hierarquia era a única coisa que importava nessa realidade. O clã não se importava com Carina e seus pais, eles queriam a criança. Katherine Donovan, um bebê de apenas três meses, que estava dormindo tranquilamente no colo de sua mãe.

— A criança é a chave, entregue ela ao clã o quanto antes. - Falou um dos homens altos que entrou pela porta.

— Ela é minha filha! - Carina disse firme e deu um passo para trás. — Jamais deixarei ela nas suas mãos.

O homem respirou fundo só perceber que ele teria que usar métodos mais primitivos para ter aquela criança em suas mãos. Todos os homens que vieram acompanhando o líder, já estavam cientes dos comandos. Assim que o homem mais velho ergueu a sua mão, eles sabiam o que estava por vir.

— Me tragam a criança... - O homem falou em tom baixo, para que só seus companheiros escutassem.

Em questão de segundos, todos os eles se moveram em direção a Carina e sua filha, eles tinham permissão para fazer o que quiser, já que a única prioridade era trazer a criança viva para o clã. Os pais de Carina pegaram as suas armas e tentaram lutar contra o clã mas eles não eram fortes para lidar com aquilo.

Mesmo querendo lutar com seus pais, a sua filha era importante, ela tinha que salva-la. Carina correu o mais rápido que pode para o andar de cima de sua casa, pois lá existia uma passagem secreta que a levaria para fora daquela casa. Carina sabia que seus pais não iriam perder a vida, mas ela iria, por proteger a sua própria filha.

Foi assim que Carina conseguiu escapar e criar a sua filha, assim como ela desejava, bem longe de tudo que a lembre dos caçadores, a única razão pela qual ela detestava essa parte da família, é que ela viu com os seus próprios olhos, seres que recebiam o apelido de hostis, sendo torturados por simplismente serem diferentes dos humanos.

Antes de partir, ela pegou uma mochila, nela tinha vários pertences, inclusive algo que sua família herdou por anos, já que eles eram os descendentes legítimos do primeiro Donovan a gravar um vídeo da morte do primeiro imaculado.

Ao se ver livre do clã, ela jurou que iria criar a sua filha bem longe de lá e que ela viveria uma vida normal, assim como Carina desejava por anos e nunca pôde. O destino das duas iria ser em Savannah, a cidade que um dia já foi repleta de monstros, mas hoje em dia, os moradores não lembram mais do ocorrido. Se lembram, acharam melhor manter o segredo para não assustar os seus filhos.