Capítulo 11 - A fazenda

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O quarto estava claro, graças ao vento que entrava pela porta semi aberta da sacada, afastando a cortina. Carol entrou sacudindo-me, perguntando se eu já estava pronta para levantar acampamento, pois partiríamos em duas horas para fazenda. Conforme o planejado na manhã anterior, passaríamos uns dias por lá, aproveitando um pouco a vida no campo.

-Nossa! Carol esqueci completamente de organizar minha mochila.- falei alarmada.

-Não se preocupe. Vamos tomar café e depois eu te ajudo a organizar a bagagem. Ah! A propósito preciso te contar o que rolou no meu café com o Giovanni. E acho que você também precisa me falar alguma coisa. - Ela fixou o olhar em mim de forma interrogativa.

- Ok! Mas não teremos esta conversa antes do café.- Eu levantei empreitando fuga, indo para o banho.

Já banhadas descemos as escadas, ao chegar a mesa vi o olhar preocupado de Murilo sobre mim. Ele me perguntou de forma muda, apenas gesticulando com os lábios, se estava tudo bem. Eu fiz o símbolo de ok com a mão. Peguei a garrafa de café enchendo a xícara, apressando-me em fazer a refeição, na desculpa de arrumar a mala. O que eu mais queria era evitar perguntas, ao menos por enquanto.

Terminada a refeição eu e Carol subimos as escadas rapidamente rumo ao meu quarto. Carol e Murilo já estavam de bagagens prontas. Foi até rápido aprontar a mochila, duas calças jeans, bermuda, camisetas básicas, dois vestidos longos, roupa íntima e material de higiene e beleza. Carol era muito prática e organizada, sempre me ajudava com as malas.

-Bom... Tudo pronto!- Ela sorriu e depois ficou séria. -Então... Você quer me contar o que aconteceu ontem, que te deixou tão abalada?

-Bem...- Eu suspirei de forma pesada e continuei -Você lembra do carinha que me segurou no bar do Caju? O que evitou minha queda? O mesmo que esbarramos no Maestro del Gusto, e que depois encontramos no clube do Duque, o que eu dancei, lembra?

-Sim eu lembro.- Ela me olhou atentamente buscando entender onde eu queria chegar.

-Então, ontem, eu fui a procura dele.

-Como assim? Vocês marcaram algo e você nem me contou? - Ela parecia chateada.

- Não Carol! Não foi nada disso. - Eu olhei para o chão, sem coragem de encarar minha amiga.- A verdade é que esse cara desde o início... - Fiz uma pausa, pigarreei. -... causou-me curiosidade. O jeito que ele aparecia e sumia repentinamente, suas provocações que me irritavam, o jeito que me olhava e as coisas que falava, a voz dele soava estranhamente familiar.- Levantei a vista para checar se Carol acompanhava meu raciocínio, e ela parecia atenta.- Eu sei que é confuso, mas o que quero dizer é que tudo isso, acabou me levando a procurá-lo. Eu não sabia exatamente por onde começar, tudo que eu tinha era um nome... Raul.

-Você tá me dizendo, que foi procurar um cara, sem saber nada dele. Só com o primeiro nome? Você devia ter pedido ajuda, eu sondaria com o pessoal daqui.

-É, agora me dei conta da tolice que fiz.- Sorri sem graça para ela.

-Mas então, você conseguiu encontrá-lo?

-Sim, mas preferia nunca ter tentado. - Só a lembrança daquele momento, já me dava um nó na garganta.

-O que aconteceu Liz?- Ela perguntou receosa.

-Bem, eu... resolvi ir para o porto no horário da lancha de passageiros, afinal ele poderia está indo embora, como qualquer outro turista.- Ela me interrompeu.

-Ah! Agora fez sentido seu interesse no horário de partida das lanchas. Você é esperta! Precipitada, mas esperta.

-Mas, ele não é um turista, ao que tudo indica, ele mora aqui. E, tem um escritório no porto, é sócio/dono de uma tal de Companhia Orleans.

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