Capítulo 2- O DIA DA VIAGEM

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O sol entrava pela fresta da cortina no meu quarto, ofuscando minha visão ao abrir os olhos. No primeiro toque do despertador me levanto, sentindo a mão dolorida e lembrando do estranho sonho. Meu coração ainda estava acelerado pelo medo do sujeito de voz grave. Eu sacudi a cabeça voltando para a realidade das minhas tão esperadas férias. Devo admitir que essa era a primeira quinta feira do ano, que eu me levantava realmente animada. Fui até a cozinha preparar a cafeteira, antes de ir para o banho. Porque afinal o dia só começava depois de um café.

Já pronta, chamei um carro de aplicativo para ir até a rodoviária. Combinei com Carol de nos encontrarmos lá, às nove horas. Carol deixaria seu carro na garagem do condomínio, evitando pagar o estacionamento diário na rodoviária. Com o trânsito bom, por causa do horário, cheguei rápido e antes do combinado. Carol chegou vinte minutos depois, mas ainda com folga. Nosso ônibus até São Pedro dos Navegantes só partiria às dez horas. Fomos ao guichê da companhia de transporte emitir as passagens impressas, pois compramos pelo site que fornecia apenas Code-Core.

O ônibus chegou ao terminal rodoviário e o embarque dos passageiros foi liberado trinta minutos antes da partida. Eu e Carol decidimos entrar logo, para guardar nossas bagagens e localizar nossos assentos. Carol havia ficado responsável pela compra das passagens, percebi com espanto que não estávamos em poltronas uma ao lado da outra, havia um corredor entre nós.

- Carol! Você não conseguiu comprar assentos juntos? Mesmo comprado antecipado?

- Não, não é isso Liz. Éeee... Eu pensei que poderíamos aproveitar a viagem para conhecer gente nova. Acompanhe meu raciocínio, os assentos ao centro do ônibus nos permitirão ver bastante gente, sem ficar tão próximo ao banheiro. Se sentarmos de lados opostos, mas na mesma direção, nas poltronas do corredor, podemos conhecer o passageiro da poltrona ao lado. E, ainda estaremos próximas, poderemos conversar. É uma ótima ideia, né? – Ela falou super empolgada querendo confirmação. Eu sorri para ela balançando minha cabeça em negação.

- Carol só você para ter uma estratégia para tudo. Agora é contar com a sorte.

- O que quer dizer com isso?

- Ué! Não dá para adivinhar quem será o passageiro ao lado. Ou você também escolheu nossos companheiros de viagem?

Ela fica com o olhar perdido por uns estantes, como se a ficha estivesse caindo naquele momento, poderia ser qualquer um, inclusive ninguém. Segurei a mão dela e disse:

- Boa sorte espertinha.

Os passageiros começaram a subir e se acomodar em suas poltronas. Um rapaz belíssimo entrou, a expectativa foi grande. Ele parou no último degrau virou para trás e estendeu a mão para outro rapaz, igualmente bonito, sentaram-se na frente abraçadinhos. Entrou também um grupo de amigos, entre homens e mulheres eram em oito, sentaram -se próximo ao banheiro. O ônibus já estava quase cheio, mas as poltronas a nossa volta continuavam desocupadas. Vi uma senhorinha, um rapaz e uma criança subir. A senhorinha vinha olhando em minha direção com o bilhete na mão. Vi Carol disfarçar um sorriso, eu gelei.

- Bom dia! Minha querida. A poltrona ao seu lado é a 29?

Olho para cima verificando a numeração e com alívio digo:

- Não senhora. É 27.

- Hum. Então só pode ser deste outro lado. – Ela virou para Carol, que confirmava com a cabeça. Era a minha vez de disfarça o riso.

O rapaz e a criança se sentaram atrás de mim. Percebi que restavam três poltronas vagas, as duas a frente de Carol e a do meu lado. Era com alívio que eu via três rapazes subindo no ônibus. Ops! Parecia que a sorte me sorriu. Eles eram bem bonitos, do tipo atlético, dois deles se pareciam muito. Percebi os olhares dos que vinham a frente fixarem em Carol, ela também percebeu, mas fingiu não ver. Ela passou a mão nos cabelos levemente jogando-os para o lado, virou para mim e disse:

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