Capítulo 10 - O CONTRADITÓRIO

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Como de costume, cheguei ao escritório por volta de dezoito e quinze, cumprimentei nosso funcionário, o Olavo, e fui para minha sala analisar os documentos. Para minha surpresa, em menos de cinco minutos, Olavo bateu na porta e adentrou.

- Com licença senhor Raul. Há uma moça aqui fora que deseja falar com você.

- Uma moça?

- Sim. Morena bonitona. - Ele falou sorridente.

- Ela deu o nome?- Perguntei sério.

- Na verdade não. Devo perguntar? - Ele respondeu constrangido por ter deixado passar essa pergunta.

- Não é mais necessário. Eu vou verificar pessoalmente.

Eu caminhei logo atrás dele, indo para a recepção. Porém, já desconfiado de quem poderia ser. Embora desejasse está enganado. Perguntei-me como ela poderia ter me encontrado aqui. Isso era perigoso demais, ela ficar procurando por mim. Eu ficaria muito feliz se a situação fosse outra, mas sendo quem sou, só poderia ficar preocupado. Assim que a vi, endureci a feição e a tratei de forma grosseira, para que ela não voltasse a me procurar, dei as costas e voltei a minha sala. Eu ainda pude ver seu constrangimento e choque com minha atitude, seus olhos ficaram marejados.

- Merda! Merda! Eu fui um idiota. Eu poderia ter falado com ela e a despachado de forma mais amistosa, sem precisar ser grosso.- Passei as mãos do rosto até meus cabelos, estava nervoso. Sentia-me mal por tê-la tratado daquela forma, tentei afastar esses pensamentos me convencendo de que era necessário.- Não! Foi melhor assim. Depois disso ela não voltará a me procurar e isso é bom, não é? É o que eu quero, não é?

A resposta era simples... Não, não era o que eu queria. Eu queria ela. Queria que ela estivesse bem e segura, de preferência onde eu pudesse vê-la. Era difícil admitir, mas ela mexia comigo, como nunca ninguém antes dela, isso me assustava.

Voltei a recepção e Olavo me olhava de forma questionadora como se não me reconhecesse.

- Olavo onde ela está?

- Foi embora. E pra ser sincero eu teria feito o mesmo. O senhor foi muito grosso com a moça.

- Eu sei. - Eu suspirei, voltei a minha sala, peguei a chave do carro e passei pela recepção falando para Olavo. - Eu vou indo, se meus amigos ligarem ou vierem aqui, diga que precisei resolver algo, não voltarei mais hoje. E por favor, não comente a respeito do que viu aqui.

- Sim senhor.

Sair pelas ruas atrás de Liz, eu precisava vê-la e saber que ela ficaria bem. Fui em direção a praça, onde se localizava a casa em que ela estava hospedada, mas não a encontrei pelo caminho, parecia calmo demais como se ela não tivesse ido para lá. Depois de uma hora, vi Carol entrar no sobrado, ouvi o tal Murilo falar com ela.

- Carol cadê a Liz?

- Ué! Ela não tá aqui? Quando eu saí ela estava no quarto dela.

- Parece que ela foi dá uma volta a tarde e até agora não voltou.

- Vou ligar para ela... Não atende. Ou tá desligado ou descarregado.

- Você acha que eu já não tentei? Melhor procurarmos por ela, antes que nossos avós fiquem preocupados.

- Vamos nos separar, assim cada um fica responsável por uma área. Quem achar primeiro liga para o outro.

- Combinado. Eu vou até a praça do Boêmio e você em direção ao Cais.

Vi os dois saírem em direções opostas. Então, eu fiquei realmente preocupado. Onde a Liz estava? Será que algo havia acontecido a ela? Liguei o carro e sair sem rumo pela cidade em busca dela.

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