Capítulo 3- CHEGADA A COUTO DO IMPÉRIO.

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O sol começava a abrandar quando pusemos nossos pés na rampa do porto do Ermitão, de lá se observava que a pavimentação da cidade era em pedra. Fato que minha amiga já havia mencionado, pois eu deveria escolher os calçados adequados para levar. As casas ainda mantinham sua arquitetura original. Parecia que havíamos feito uma viagem no tempo, exceto pelas pessoas, que claro se vestiam e agiam nos moldes contemporâneos, e nos lançavam olhares curiosos.

Carol havia me falado muitas vezes da cidade, em que passara quase todas as férias na infância juntamente com seus primos, mas também confessou que havia anos que não pisava lá, desde que rompera com o noivo. O sujeito em questão era Marcio Cantanhede, com quem ela manteve um relacionamento de cinco anos, saímos algumas vezes juntos. Eles romperam porque ela descobriu que ele a traiu e engravidou uma moça com quem matinha um relacionamento paralelo por cerca de um ano. Marcio também tinha família em Couto do Império, os dois se conheciam desde a infância, motivo este que levou Carol a evitar a cidade.

O senhor que acenava para Carol, enquanto ainda nos aproximávamos do porto, veio em nossa direção com um sorriso enorme e acolhedor. Trouxe consigo dois jovens, que prestavam serviço no cais.

- Boa tarde dona Carolina! Fez boa viagem? Essa moça deve ser sua amiga? - O homem falava com um sorriso no rosto.

- Dona Carolina! Tio Pedro! Sou eu, a Carol, que o senhor conhece desde pequena, que história é essa de dona? Pode parar agora com isso, se não vou me chatear. E sim, esta é minha amiga Liz e fizemos boa viagem. E Liz este é Tio Pedro trabalha com meu avô desde antes de eu nascer, ele já faz parte da família, pode não ser de sangue, mas é de coração. – Ela diz sorrindo de forma afetuosa.

O senhor Pedro sorri para nós, em seguida pede aos rapazes para levar e colocar nossas malas no carro, localizado a uns cem metros, depois dá uns trocados para eles. Reparei que na entrada do porto havia carros, motos e carroças, que fazem uma espécie de transporte alternativo de passageiros e cargas, uma vez que a área urbana da cidade era pequena e não havia transporte público municipal.

A cidade nos recepcionava com uma enorme ladeira, dei graças ao altíssimo por ter um carro a nossa espera. Fizemos um percurso de mais ou menos um quilometro e meio até chegar a uma praça enorme, gramada, arborizada, com bancos no estilo colonial e um monumento religioso ao centro. Todas as casas que lardeava a praça, eram sobrados antigos e imponentes, que retratavam o poder aquisitivo de seus proprietários de outrora. Fiquei admirada quando o carro parou em frente a um dos prédios mais bonitos da praça, de fato era enorme como Carol havia comentado.

- Uau! Impressionante.

- Eu falei que poderia muito bem ser um hotel, lembra?

- Sim. Você não exagerou.

- Mas quando a família toda resolve se reunir, essa casa parece pequena para tanta gente. - Carol relatava com o olhar fixo na entrada, como se revivesse memórias.

- Sua família deve ser enorme Carol. - Falei impressionada.

- É sim. Entre tios, primos e agregados passa de cinquenta pessoas. Vem Liz, vamos entrar. - Ela me conduzia até a entrada.

Entramos na casa, a porta de entrada dava acesso a um cômodo onde havia uma escada de madeira belíssima com entalhes que remetiam a tempos antigos, e três portas que davam acesso aos demais cômodos do andar térreo. Ouvimos passos na escada e olhamos imediatamente.

- Até que enfim chegaram! – Vi um homem lindo, que aparentava ter a nossa idade falar.

- Murilo! – Carol falou meio chocada. – O que você tá fazendo aqui?

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