08

117 2 0
                                    

Richard

Na manhã seguinte, ambos agimos como se não houvesse nada de diferente. A srta. Elliott me trouxe café e bagel, colocando-os cuidadosamente na mesa. Apresentou minha agenda, confirmando duas reuniões que eu tinha fora do escritório.

— Não voltarei esta tarde.

Ela pareceu confusa, verificando seu caderno.

— Você não tem nada marcado em sua agenda.

— Eu mesmo marquei o compromisso. Questão pessoal. Vou direto para meu compromisso das duas depois dele. Na verdade, não voltarei esta tarde. Tire a tarde de folga.

— O que disse?

Suspirei.

— Srta. Elliott, não entende inglês? Tire a tarde de folga.

— Mas...

Encarei-a.

— Tire a tarde de folga. — Baixei a voz. — Na minha casa às sete, ok?

— Ok — ela expirou.

— Se precisar de alguma coisa, relacionada ao trabalho, me mande mensagem. Do contrário, pode esperar.

Ela assentiu.

— Entendi.

Todos sabiam que os e-mails da Anderson Inc. eram monitorados. Para não arriscar, eu tinha meu próprio celular, e só um seleto grupo de pessoas tinha o número. Eu sabia que não havia motivo para perguntar à srta. Elliott se ela tinha um, já que o dinheiro parecia limitado. Planejava corrigir isso hoje, junto com minhas outras incumbências. Não queria arriscar que David monitorasse mensagens e ligações também.

— Pode ir — dispensei-a.

Ela hesitou antes de retirar um envelope de seu bloco de anotações grosso e colocá-lo na mesa.

Ela saiu sem dizer nada, fechando a porta. Dei uma mordida em meu bagel, então peguei o envelope e o abri, tirando os papéis dobrados. Era uma lista sobre ela. Coisas que ela pensou que eu deveria saber: datas pertinentes, suas cores favoritas, música, comida, gostos e desgostos em geral.

Era uma boa ideia. Economizaria o tempo de conversa monótona daquela noite. Eu escreveria uma para ela depois.

Dobrei de novo a lista e a coloquei no bolso de meu paletó. Eu ficaria sentado em salas de espera o dia todo — teria algo com que me ocupar.

***

A srta. Elliott era pontual e chegou às sete horas. Abri minha porta, deixando-a entrar, peguei seu casaco e o pendurei — esse tempo todo em silêncio. Havia uma rigidez, uma formalidade, em nossas interações, que eu sabia que tinha de mudar. O problema era que eu não sabia como fazer isso.

Eu a levei ao balcão da cozinha e lhe dei uma taça de vinho.

— Pedi comida chinesa.

— Não precisava.

— Acredite, você não quer que eu cozinhe. Não sobreviveria. — Dei risada. — Não tenho certeza se a cozinha sobreviveria.

— Eu gosto de cozinhar — ela ofereceu, com um sorriso discreto curvando seus lábios. Era uma boa forma de começar. Sentei-me, colocando
uma pasta diante de mim.

— Mandei fazer um contrato esta tarde. Você deveria ler.

— Ok.

o contratoWhere stories live. Discover now