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Richard
A dor familiar estava estrondosa em minha cabeça, meus olhos ficavam pesados e meus ombros e pescoço doíam. Olhei pela janela para a tempestade se formando, pensando se chegaria em casa antes dela e antes da dor de cabeça ficar insuportável.

Os três toques que Amy sempre usava soaram como tiros em minha cabeça dolorida. Joguei-me no couro frio de minha cadeira, fechando os olhos.

— Venha — chamei o mais alto que consegui.

— Precisa de alguma coisa, Richard?

Não me incomodei em levantar a cabeça.

— Pode cancelar a reunião com o conselho técnico?

— Já cancelei.

— Ótimo. Pode também tirar o resto da tarde de folga, Amy. Vou ser inútil.

— Posso fazer mais alguma coisa?

Suspirei, mantendo os olhos fechados.

— Ser não for te ofender, uma xícara de café com alguns comprimidos para dor seriam bons. Se puder ligar para minha esposa, seria ótimo.

Ela riu baixo.

— Acho que posso fazer isso, Richard.

— Obrigado.

Ela saiu, e eu massageei minhas têmporas. Eu sabia que, quando falasse com Katy, ela diria para deixar meu carro e pegar um táxi para casa. Também sabia que, quando chegasse lá, ela estaria com compressa fria, comprimidos para dor muito mais fortes e seu toque calmante para fazer a dor de cabeça cessar. Eu só tinha de chegar até ela. O café e o Tylenol que Amy traria ajudariam até lá.

Ouvi passos, senti os comprimidos serem colocados na minha mão e o cheiro de café chegou ao meu nariz.

Não era a voz de Amy que chegou aos meus ouvidos.

— Beba.

Engoli os comprimidos grato e procurei cegamente a mão de minha esposa.

— O que está fazendo aqui? Você não está escalada para hoje.

— Amy ligou e disse que você estava desligado esta manhã. Ela pensou que estivesse com uma de suas dores de cabeça, então vim para te levar para casa. Parei-a no meio do caminho quando estava voltando do lounge.

Com um gemido, inclinei-me para frente, enterrando a cabeça no estômago de Katy. A temperatura congelante da compressa foi boa conforme ela passava por meu pescoço e enfiava os dedos no meu cabelo.

— Vamos esperar os comprimidos fazerem um pouco de efeito, então vou te levar para casa.

— Ok.

— Você deveria ter ligado mais cedo — ela me deu uma bronca gentilmente. — Sabe como essas dores de cabeça te afetam.

— Eu tinha de trabalhar — protestei, apertando os braços ao redor de sua cintura, querendo-a mais perto.

— E quanto trabalhou?

— Não muito.

— Que ideia boa, então — ela ironizou.

— Vá se foder, Van Ryan — resmunguei, usando sua frase preferida.

Ela tremeu com a risada suprimida, sem parar de me fazer carinho.

— Obrigado por vir até mim.

Senti seus lábios na parte de trás de minha cabeça.

— Por nada.

— Nosso garoto não está bem, Katy? — A voz de Graham era baixa no burburinho da empresa.

o contratoWhere stories live. Discover now