Richard
Oapartamento estava silencioso. Katharine, depois de outra noite em silêncio, havia ido dormir. Ela não comera muito no jantar, mal bebeu seu vinho, e respondeu às minhas perguntas com pequenos murmúrios e balançar de cabeça. Eu a ouvi se movendo no piso superior, o som das gavetas abrindo e fechado, e eu sabia que, provavelmente, ela estava arrumando e reorganizando tudo. Ela fazia isso quando estava chateada.
A preocupação estava acabando com meus nervos; era algo pelo qual eu nunca tinha passado. Não estava acostumado a me importar com alguém. Pensei em como ajudá-la a se sentir melhor, como ajudá- la a falar. Ela precisava falar.
A cerimônia foi pequena, mas especial, já que Laura e Graham lidaram com a maioria das coisas, não era surpresa. Laura se sentou com Katharine e a ajudou a escolher algumas fotos, as quais eles colocaram pela sala. A preferida de Penny eles colocaram perto da urna que estava decorada com flores silvestres. Flores foram enviadas por pessoas diferentes, o último arranjo veio de Katharine e de mim. Todas as favoritas de Penny preenchiam o vaso ao lado de sua foto a maioria das flores eram margaridas.
Grande parte dos funcionários do Grupo Gavin foram prestar suas homenagens. Eu fiquei ao lado de Katharine, meu braço envolvido em sua cintura, segurando seu corpo rígido perto do meu, em apoio silencioso. Apertei suas mãos, aceitando as palavras murmuradas de condolências; consciente da forma como ela tremia às vezes. Alguns cuidadores e funcionários da Golden Oaks apareceram, e Katharine aceitou seus abraços e palavras sussurradas de luto compartilhado, então sempre recuava para o meu lado, como se buscasse abrigo em meu abraço. Havia alguns amigos de Penny que sobraram para aparecer — Katharine deu tratamento preferencial para aqueles que o fizeram. Ela se encolhia para falar em tons de sussurro com aqueles nas cadeiras de roda, certifica-se de que aqueles com muletas fossem acompanhados para um assento rapidamente e, depois da breve cerimônia, passou o tempo com todos eles.
Fiquei de olho nela e me mantive perto, preocupado pela falta de lágrimas e o constante tremor de suas mãos. Eu nunca tinha passado por luto até aquele dia. Quando meus pais morreram, eu não sentira nada exceto alívio depois de tudo pelo que me fizeram passar. Fiquei triste quando Nana foi embora de casa, mas era tristeza de criança. A dor que eu sentia por Penny era uma dor que queimava em meu peito. Brotava e se espalhava da forma mais estranha. Lágrimas contidas queimavam meus olhos quando eu menos esperava. Quando as caixas contendo as coisas dela chegaram, eu tive de ficar no depósito, tomado por uma emoção que não conseguia explicar. Eu me vi pensando em nossas conversas, na forma como seus olhos se iluminavam quando mencionava o nome de Katharine. Suas histórias engraçadas e doces da vida delas juntas. Meu calendário ainda estava com todas as terças à noite bloqueadas com o nome de Penny. De alguma forma, eu não conseguia apagá-los. Somado a todos esses sentimentos já estranhos, eu estava preocupado com minha esposa.
Achava que ela estivesse conseguindo lidar com tudo. Eu sabia que estava de luto pela perda da mulher que amava como uma mão, mas, mesmo assim, ela esteve calma. Estável. Chorara uma vez, mas eu não a via chorar desde o dia em que Penny falecera. Desde a cerimônia mais cedo naquele dia, ela se fechou. Ela saíra para caminhar, silenciosamente balançando a cabeça quando me ofereci para acompanhá-la. Quando ela voltou, foi direto para seu quarto até eu chamá-la para jantar.
Agora, com meu conhecimento limitado em ajudar pessoas, eu estava perdido. Não poderia chamar Jenna ou Graham e perguntar o que eu deveria fazer para minha própria esposa. Eles pensavam que nós éramos íntimos e presumiam que eu saberia exatamente o que fazer. Hoje, quando saímos da casa funerária, Jenna me abraçou e sussurrou:
— Cuide dela.
Eu queria, mas não sabia como. Não tinha experiência com emoções tão intensas.
Andei pela sala e cozinha, impaciente, bebendo meu vinho. Eu sabia que poderia malhar para aliviar um pouco da tensão, só que não estava no clima. De alguma forma, a academia parecia muito longe de Katharine e, caso ela precisasse de mim, eu queria estar perto.
YOU ARE READING
o contrato
RomanceRichard Van Ryan é um playboy executivo e tirano que trabalha para uma empresa que visa apenas lucros. Após ser passado para trás por um colega de trabalho, acabou não conseguindo fazer parte da sociedade que tanto queria. Assim, com um plano de se...