Capítulo 11

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Pov Severus:

Estava tão concentrado em ouvir Black a contar com detalhes toda a história do livro, que já não sentia dor.

Claro que ainda devia ter, porque nada se cura milagrosamente. Mas estando a ouvir o garoto falar e explicar o que leu, fazia eu não pensar no assunto.

Ele parecia não se sentir muito a vontade, não fazendo qualquer movimento, só falando enquanto apreciava a sala ao redor.

Havia passado vinte minutos e os outros ainda não tinham chegado. Não tinha necessidade de irem buscar nada, sendo que eu estava com o estômago embrulhado e não iria conseguir comer.

- Elio descobriu que Oliver iria se casar com uma mulher. - Ia dizendo o de olhos azuis-acinzentados, enquanto apreciava o lustre.

- Deve ter sido um misto de choque e decepção ouvir isso por chamada. - Comentei, imaginado a situação.

- Sim. - Falou no automático. - Mas a conversa com o pai o fez entender algumas coisas.

- Mesmo assim acho que sempre vai haver um sentimento de vazio, mesmo que seja mínimo. - Dei a minha opinião enquanto olhava o teto. - Não achas?

- Não sei.

Olhei para Black, vendo sinceridade transparecendo em seu rosto.

- Tu nunca te questionaste ou sentiste dúvidas do que deu errado num dos teus relacionamentos? - Perguntei, genuinamente curioso.

O garoto pousou os olhos sobre os meus, em completo silêncio. Fiquei sem entender durante alguns segundos, não sabendo se queria falar sobre isso ou não.

- Eu nunca... - Decidiu falar depois de algum tempo. -

- Ah... Nossa. - Finalmente percebi o que queria dizer.  - Nunca tiveste com ninguém?

Acenou que não, olhando as mãos em seu colo.

Não queria que ficasse desconfortável. O Black parecia cada vez mais interessante e não queria perder isso por uma palavra mal dita. Não sei porque sentia isto, mas sempre adorei um bom mistério. Então vou tentar desvendar a pessoa que era Regulus Black.

- Não te sintas desconfortável ou desiludido contigo mesmo sobre isso. - Comecei a dizer, olhando para ele. - Cada um sabe da sua vida. Tu não tens de andar aos beijos com alguém, só porque a maior parte das pessoas o faz. É isso que faz de ti diferente.

- Achas mesmo? - Perguntou mostrando sinceridade, e olhando para mim.

- Sim. - Respondi, vendo o mesmo esperando por uma resposta. - Não sintas vergonha sobre isso.

- Pareces saber muito. - Olhei para Black, dando a minha atenção. Sabia que ainda não tinha falado tudo. - Mas pelo o que vi naquela noite no telhado, tu não pareces ser uma dessas pessoas.

Ele tinha razão. Não era mesmo. Fazia várias coisas naquelas festas, que o de cabelos castanhos escuros de certeza que não tinha experienciado nem metade. Mas qualquer coisa dentro de mim não queria que Black soubesse desses detalhes sombrios da minha vida.

A minha respiração começou a ficar irregular, e as minhas costelas começaram a dar sinal de desconforto, que estava a se tornar pleno sofrimento físico. Grunhi de dor, tentando arranjar uma melhor posição onde melhorasse.

- Snape! - O outro chamou, depois de ter ouvido eu reclamar. Ainda estava em dúvida em se aproximar, ficando na ponta do sofá. - Estás bem?

- Vou ficar se parares de me chamar por esse nome e me chamares de Severus, Black. - Falei, não querendo ouvir mais aquele sobrenome saindo da boca de Black. Odiava completamente. Era o nome de Tobias. E eu não tinha nada em comum com aquele homem asqueroso.

In the middle of the darkOnde histórias criam vida. Descubra agora