Do You Hear Me Calling? (wenclair)

Nove

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– Eu amava vir aqui logo que me mudei – apontou para o espaço – costumava ficar horas pensando em o que fazer da minha vida. Tinha terminado a faculdade, não sabia se iria fazer jus ao meu diploma... Foi aqui que eu encontrei a Elizabeth, minha secretária.

Enid ouvia atentamente, enquanto a mente de Wednesday foi inundada com memórias.

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Estava sozinha. Era fim de tarde, no meio de março.
Addams olhava a forma como a água balançava de acordo com o vento, enquanto podia ver alguns pássaros bebericando o líquido.

– Quem é você? – uma voz feminina, mas imponente a despertou.

Se virou confusa, enxergando uma mulher com um olhar mortífero.

– Ah, olá – suspirou – não que vá fazer alguma diferença, mas sou Wednesday. Qual seu nome?

– Como conseguiu entrar aqui? – deu um passo pra trás.

– Tem uma trilha. Eu andei um pouco e acabei chegando aqui – explicou – olha, não quero confusão. Se quiser, posso sair sem problema algum. É algum tipo de propriedade privada?

– É... É sim – gaguejou.

– Me desculpe – se levantou, vendo a outra mulher ficar em alerta – ei, eu não vou matar ninguém. Não tenho arma. Só meu celular e minha carteira, sou péssima lutando. De qualquer modo, me perdoe pelo susto. Não sabia.

Ela observou os olhos negros tão caídos e o tom de voz ligeiramente cansado e triste.

– Elizabeth – disse – meu nome é Elizabeth.

– Prazer em conhecê-la, Elizabeth – sorriu fraco – perdão novamente pelo ocorrido, não va-

– Pode ficar – meneou a cabeça – desculpa, não é parte de nenhuma propriedade. Só queria um tempo sozinha e longe da cidade, costumo vir pra cá. Mas acho que você precisa mais que eu.

– De maneira alguma, não quero tirar esse direito seu – negou, se virando – obrigada por avisar. Algum dia eu volto.

– Ei, não! – agarrou o pulso da menor – pode ficar. Tá tudo bem? Você parece meio... Pra baixo. Bem pra baixo, na verdade. Precisa de alguém pra te ouvir, ou um abraço, alguma coisa assim?

Addams congelou. Travou completamente. Sua mente ficou em branco e de repente, tudo voltou como um furacão.
A discussão meses antes do casamento, as vezes em que ouvia coisas — nada agradáveis — de seu noivo, as noites em que ficava sozinha e o dia em que foi deixada no altar. Tudo parecia ter vindo com o dobro de força.
E então, ela desabou. Tijolo por tijolo seu muro meticulosamente construído para a proteger, caiu e ela não o segurou.

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– Bom, foi um dia e tanto – riu, se lembrando que depois de seu desabafo, saíram para beber – de qualquer modo, acho que o que quis dizer te trazendo aqui é que confio em você, Enid. Se algum dia precisar de um lugar quieto e longe de tudo, sinta-se a vontade para vir aqui e... Quem sabe me ligar para que eu te faça companhia.