Doze

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– Está entregue – sorriu ao estacionar na frente do condomínio – sã e salva.

– Obrigada – deixou um selinho rápido em seus lábios – nos vemos amanhã?

– Sim – acariciou a bochecha alheia – tenha uma boa noite, Enid. Bons sonhos e um ótimo dia amanhã.

– Obrigada, igualmente – soltou uma piscadela antes de descer – me avisa quando chegar em casa.

– Com certeza – assentiu – até mais ver, Sinclair.

– Até, Addams! – acenou.

A morena seguiu seu caminho, ainda um pouco perdida por conta das vozes em sua cabeça, que insistiam em assumir facetas julgadoras. Havia conseguido passar cinco anos se esquivando delas, mas justo agora pareciam não obedecer seus comandos.

Andou pela cidade durante um tempo, procurando qualquer traço de sua sanidade ou qualquer explicação para o buraco que estava começando a se abrir em seu peito novamente.
Em um lapso, pegou o celular e ligou para seu pai, precisava da sabedoria dele naquele momento e estava com saudades de ouvir sua voz.

– Minha morceguinha, está tudo bem? – assim que atendeu ouviu a voz rouca dele – aconteceu algo?

Hola, papá – o cumprimentou – estou bem. Preciso conversar. Perdão se te acordei.

Sem problemas, cariño – riu – pelo tom da sua voz coisa boa não é. Ande, conte ao seu velho pai o que está te afligindo, corazón.

Eu... Eu não sei por onde começar – suspirou – acho que devo começar por ele. Já fazem cinco anos, pai. Ultimamente eu tenho lembrado dele com tanta frequência que chega ser assustador, mas eu já não lembro a risada dele, ou o cheiro ou... Ou os toques dele... Então qual o motivo dele continuar me assombrando?

Coloque tudo para fora, querida – a incentivou.

– Nunca me senti assim desde que decidi apagar ele da minha memória, mas tudo está voltando agora – apoiou a cabeça no volante – e... Eu sei que errei em ter levado uma pessoa diferente toda noite para casa, mas agora isso parece não surtir efeito algum, eu... No sé qué hacer, papá.

– Primeiro, desligue o carro – bocejou – ainda não somos donos da companhia petrolífera do país, querida. Respire fundo, você está indo bem. O que mais quer me dizer, estrella?

– Eu... Eu me lembrei dele quando estava em um encontro – passou a mão pelos cabelos depois de desligar o veículo – tudo estava indo muito bem, ela é muito bonita, gentil, engraçada e... única, mas por um mísero e maldito segundo vi ele no lugar dela. Minha cabeça consegue o imitar de forma impecável e isso me desestabiliza de maneiras inimagináveis.

Continue.

Isso me faz pensar que eu não sou digna de qualquer amor que eu recebo, ou que todos em algum momento de um futuro não muito longe irão me deixar como ele fez – fungou – eu estou tão cansada disso, papá. Nestas últimas semanas sonhei com ele todas as noites e parecia muito real. Eu não quero ser um peso na vida das pessoas ao meu redor e sinto que tenho falhado em ser algo minimamente decente ou tolerável para alguém.

Do You Hear Me Calling? (wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora