10- O Tão Sonhado "Nós"

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Assim que minha mente despertou pela manhã, o aroma de café invadiu as minha narinas e abri os olhos lentamente, me acostumando com a luz do sol que entrava pela janela, logo me encarreguei de passar a mão ao meu lado, procurando um certo alguém que deveria estar deitado comigo, mas que constatei já ter se levantado.

"Cedo, assim? O que ele está aprontando?" Pensei comigo mesmo e me levantei, só bastaram alguns passos para encontrar o João na cozinha, preparando o café, de costas para mim. Não me contentei em só olhar seu corpo coberto por aquele pijama listrado, então me aproximei sorrateiramente, envolvi sua cintura com meus braços e beijei levemente sua bochecha.

- Bom dia. - Ouvi um arzinho escapar por suas narinas e pensei que ele deveria estar sorrindo.

- Bom dia Mike. Você atrapalhou meus planos, eu iria sair de fininho igual você fez no nosso primeiro dia de aula. Eu até coloquei o meu moletom verde fluorescente no seu guarda roupas para você não conseguir escolher outra roupa para usar, assim como eu fiz aquele dia. - Soltei o corpo dele e me afastei um pouco para poder ver melhor o seu rosto e seu sorriso iluminou meu dia.

- Desculpa, mas foi o único jeito de você voltar a falar comigo.

- Agora que arruinou meus planos, vamos tomar café e terminar de nos arrumar. - Sua fala estava carregada de ironia, o que me fez pensar que João estava brincando.

E como em todas as nossas manhãs, nos sentamos juntos para comer, mas com um toque diferente já que não fui eu quem preparei nosso café. Ainda me sinto dentro de um sonho, do qual eu nunca quero acordar.

Após comermos, seguimos para nos preparar para as primeiras aulas do dia. Coloquei em ordem os meus materiais, escovei meus dentes, me vesti e fiquei esperando o João sair do banheiro para irmos juntos.

- Não acredito! Você vai assim?!!! - Ele falou surpreso quando me viu usando seu moletom verde fluorescente.

- Considere isso como um pedido de desculpas oficial.

- Não vale, ele ficou muito bem em você. - João cruzou os braços em frente ao corpo e me olhou dos pés à cabeça.

- Não tenho culpa se fico bonito usando qualquer coisa. - Brinquei, e fiz questão de dar uma voltinha para completar.

- Depois eu quem sou convencido. - E mais uma vez consegui arrancar um sorriso dele.

- Então vamos?

Nós dois fomos juntos para a aula, como sempre, nos sentamos um ao lado do outro, no intervalo, almoçamos com Nena e Carter, fofocamos, brincamos, nós provocamos e no final do dia, João e eu decidimos estudar um pouco na sala do nosso apartamento, nos preparar para as provas e adiantar os trabalhos que começaram a chegar um atrás do outro.

João é muito inteligente, e temos um ponto em comum, quando estamos entretidos com algo, raramente vamos nos desconcentrar e procurar outra coisa para fazer, não sentimos fome, sede ou qualquer necessidade que nos tire do foco, e por esse motivo, não vimos que a noite passou e a madrugada chegou, só notamos essa mudança, quando o quarto ficou mais claro e o vento gelado entrou na sala, soprando as cortinas brancas da janela.

Estávamos sentados no tapete felpudo, notebooks, cadernos, folhas, e mais uma porção de coisas jogadas sobre a mesa de vidro que fica no centro, eu encostado no sofá e João com as pernas dobradas e a cabeça apoiada em um dos joelhos enquanto nos olhavamos.

- São quatro da manhã. - João anunciou voltando a sua atenção para a tela do celular.

- Precisamos nos levantar às seis, vale a pena dormir um pouco? - Ele me olhou desanimado, se levantou, se sentou ao meu lado e apoiou a cabeça em meu ombro.

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