21- Linha do Tempo (Parte 2)

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🩺ONZE ANOS DEPOIS...

Eu e João cumprimos mais um de nossos planos, um ano após o fim de nossa residência, nós dois nos casamos em uma cerimônia simples na praia como ele sempre sonhou, convidamos apenas a parte da família que nos apoia, e ao todo foram quarenta convidados contando com os amigos que adquirimos ao longo do tempo além de Nena e Carter.

Lembro que João ficou triste nos primeiros dias enquanto montamos nossa lista de convidados, ele queria que toda a família dele fosse, mas uma grande maioria não concorda com o nosso relacionamento, eu já sabia que isso poderia acontecer da parte da minha família também e por este motivo não me importei tanto. Porém, a tristeza foi embora quando a nossa família de verdade começou a nos ajudar nos preparativos, tendo em vista que não tínhamos tanto tempo para pensar sobre isso com tanto trabalho.

Foram cerca de onze anos doados a estudos e práticas até nos tornamos mesmo neurocirurgiões, e eu não me arrependo um dia sequer, nem mesmo quando surge um plantão onde trabalho dois dias sem qualquer tipo de descanso, a recompensa é poder ver meus pacientes se recuperando e podendo voltar para os braços de sua família em segurança.

João continua trabalhando no Hospital Central, e eu, na clínica dos meus pais. Há dias que só nos vemos pela manhã, mas ainda sim sempre fazemos valer a pena o nosso tempo juntos, sendo ele muito ou pouco sempre estamos lá um pelo outro.

Após seis anos dessa rotina exaustiva, notamos que estávamos com quase todos os nossos planos do futuro completos, e mais que isso, percebemos que aos trinta e cinco anos, não estamos ficando mais novos e sim, envelhecendo!

Foi pensando assim, que decidimos correr atrás dos trâmites legais para ter o nosso primeiro filho! Com uma boa quantia em dinheiro que guardamos durante nossa vida, juntamos o suficiente para conseguir passar um bom tempo cuidando apenas da nossa família, além de alguns empreendimentos que temos além do trabalho no hospital. Mas calma que não vamos deixar um sonho para viver outro, vamos continuar trabalhando em nossos respectivos empregos, mas agora com o horário reduzido para poder dar atenção ao nosso futuro, novo membro.

Acordei às cinco da manhã como em todos os dias, porém eu não tinha que ir ao trabalho hoje, havia tirado férias junto do João, então resolvi voltar a dormir. Não sei quanto tempo mais eu fiquei na terra dos sonhos, mas fui acordado por um ser maravilhoso dando pequenos beijos em meus lábios.

– Amor, levanta. Eu fiz café e nós dois temos que ir até a clínica de fertilização em vinte minutos. — Fazem cerca de 17 anos de relacionamento, e eu sempre me derreto quando escuto a voz do João ao pé do meu ouvido, principalmente quando ela está manhosa pela manhã.

– Bom dia, meu amor. — Beijei os lábios dele e me levantei ainda sonolento.

Hoje é o dia que vamos escolher a pessoa que irá doar os óvulos para gerar nosso bebê, já temos uma barriga solidária, o que falta é somente os materiais genéticos tendo em vista que até mesmo os trâmites legais já foram resolvidos.

Tomei o café da manhã com o João, e notei que ele não conseguia segurar tanta felicidade, os olhos dele transbordavam, e a cada cem palavras, noventa e nove eram sobre a fertilização.

Chegamos a clínica no horário certinho, João estava tão nervoso, que se eu demorasse mais um pouquinho na estrada, ele sairia do carro e iria caminhando até lá. Fomos muito bem recebidos, e escolhemos uma doadora com características físicas próximas às nossas. Saímos de lá com a esperança de que em breve, dois embriões seriam implantados na nossa barriga solidária, assim teremos mais chances de conseguir e uma probabilidade maior de vir gêmeos já que queremos mesmo ter dois filhos. Só espero que João não se exploda de ansiedade até lá.

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