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Annelise Sullivan

Desperto com uma dor latejante na cabeça, uma sensação terrível.

Nunca mais bebo na minha vida, além de que, eu posso ter feito várias coisas, mas não me lembro de quase nada!

Minha memória após beber é simplesmente horrível, não há outra palavra para descrever. Restam apenas algumas lembranças vagas, enquanto o resto é apenas um emaranhado de borrões negros.

Lembro-me de vir à festa, de ter dançando, e me resolvido com Aaron — coisa que me deixa muito feliz, não aguentava mais ficar longe do meu melhor amigo. — E ter bebido pra caralho.

Ainda é noite, consigo perceber pela suave iluminação da lua que adentra o quarto.

Aliás, de quem é esse quarto?

Tiro a coberta do meu corpo e puta merda.

Por que diabos eu tô pelada?! Que merda eu fiz?

Tento desesperadamente organizar minhas lembranças, mas tudo é falho e confuso. Esfrego suavemente meus olhos, mantendo-os entreabertos, na esperança de identificar o ambiente ao meu redor.

Hmm, vejo vários pôsteres de bandas de rock, quadrinhos espalhados pelo chão do quarto, gavetas abertas e uma mochila da escola... Espera aí... Essa mochila suja eu reconheço de longe.

Não.

Não.

Não.

Eu não fiz isso, eu não posso ter feito isso.

Não acredito.

Puta que pariu.

Esse é o quarto do Calleb.

Que merda, como eu vou contar pro meu melhor amigo que eu transei com o melhor amigo dele?

Desesperada, cubro meu rosto com as mãos e faço um esforço para tentar lembrar de algo, qualquer coisa que possa me trazer algum alívio.

Sinto-me completamente perdida, sem saber como encarar Calleb depois do que aconteceu. A vergonha é avassaladora, e tudo o que desejo é me enfiar em um buraco e nunca mais sair.

Para piorar ainda mais a situação, percebo que ele não está no quarto. Isso significa que fui apenas mais uma, uma conquista passageira sem importância.

Bom, não que me afeta de alguma forma, mas isso não deveria ter acontecido de qualquer forma.

Decido que é melhor sair dali antes que algo ainda pior aconteça.

Levanto da cama, e minhas pernas quase cedem ao chão.

O desgraçado deve ser bom de cama.

Vasculho o chão do quarto em busca do meu vestido e, quando finalmente o encontro, dou de cara com um espelho. Meu coração dispara ao me deparar com a visão assustadora que reflete.

Minha nossa, é um vampiro?

Meu pescoço está completamente marcado, com manchas roxas e vermelhas. Parece que Calleb estava faminto e eu fui seu prato principal.

Visto o vestido às pressas, sem me importar, e seguro meus saltos nas mãos. Tenho certeza de que se eu os colocasse, acabaria levando um tombo, e isso não seria nada bonito de se ver.

Abro a porta e observo que a festa ainda está em pleno vapor, sentindo uma pontada de inveja. Parece que eles não têm fim.

Pego meu celular e disco o número de Lyandra, torcendo para que ela atenda.

Um toque...

Dois toques...

No terceiro toque, finalmente ela atende.

— O que foi? — ela responde com delicadeza. Sintam a ironia.

— Acho que fiz uma grande besteira. — digo enquanto desço as escadas apressadamente, desviando dos vômitos que mancham alguns degraus.

— E quando você não faz? — ela ri, como se estivesse criando uma nova piada.

— Lyandra, estou falando sério!

— Então, desembucha.

Avisto Nicolas, Calleb e Aaron discutindo em um canto, mas devido à música alta, não consigo entender o que estão dizendo.

No entanto, faço um esforço para ler os lábios de Nicolas e capturo uma palavra que faz minha cabeça girar.

"Transar".

Será que estão falando sobre mim e Calleb? Espero que não, mas tudo indica que sim.

— Annelise? — Lyandra me chama, tirando-me do transe.

— Calma... — Fixo meus olhos neles novamente, tentando capturar cada palavra.

Respiro fundo e decido me infiltrar no meio daquela multidão, buscando ouvir mais daquela conversa crucial.

Ao me aproximar, a confirmação que eu tanto temia escapa dos lábios de Nicolas, atingindo-me como um soco no estômago.

— Eu te avisei, nós te avisamos para não fuder com ela
E o que você fez? Enfiou a merda do seu pau nela.

Meu Deus, é ainda pior do que eu imaginava. Preciso sair daqui o mais rápido possível e falar com Lyandra.

Eu precisava conversar com alguém agora.

Passo entre as pessoas, sussurrando "Com licença", "Desculpe" e "Obrigada", tentando abrir caminho.

Finalmente, quando alcanço o exterior, respiro profundamente o ar fresco, aliviado por escapar daquela atmosfera sufocante..

— Annelise, estou começando a ficar preocupada...

— Acho que acabei transando com o Calleb. — sussurro, como se fosse o segredo mais bem guardado do mundo.

Do outro lado da linha, posso sentir um breve silêncio antes de Lyandra responder.

— VOCÊ OQUE? — grita me fazendo afastar o celular em uma careta. — Certo, desculpe.. Como isso aconteceu? — ela pergunta, sua voz carregada de surpresa e apreensão.

Eu suspiro, sentindo-me vulnerável ao compartilhar essa informação com minha melhor amiga.

— Eu... eu não sei... você sabe como minha memória fica quando eu bebo. — sussurro, sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos. — Não deveria ter bebido, não deveria nem ter vindo para essa festa

A voz trêmula revela minha angústia e arrependimento. Sinto-me frágil e vulnerável, lamentando minhas escolhas.
Lyandra tenta confortar-me através da ligação.

— Hey, não se culpe assim. Todos cometemos erros, e é normal se arrepender. Onde você está?

— Estou andando pela calçada, me afastei da casa.

Há uma pausa prolongada, e posso imaginar que ela está processando a informação do outro lado da linha.

— Estou indo ai. — Escuto um barulho e imagino que ela deva estar se levantando de onde quer que ela estivesse. — Não se culpe Anne, eu amo você e erros acontecem.

Sinto-me grata por ter Lyandra ao meu lado, mesmo que seja apenas através de uma ligação. .

— Eu também amo você, Ly. — digo com a voz embargada, enquanto limpo as lágrimas que caem de meus olhos. A emoção transborda em cada palavra que pronuncio.

Do outro lado da linha, posso sentir um silêncio carregado de sentimentos. Lyandra responde com ternura.

— Eu sei que as coisas estão difíceis agora, mas quero que você saiba que estou aqui para você. Sempre estarei ao seu lado, não importa o que aconteça.

As palavras reconfortantes de Lyandra tocam meu coração, trazendo um pouco de alívio em meio à dor.

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