𝘿𝙚𝙫𝙖𝙣𝙚𝙞𝙤𝙨 𝙙𝙤 𝙅𝙖𝙯𝙯

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Um bar clássico na Clapham High Street sempre vale o tempo livre. O vira-tempo - objeto que volta no tempo dado por minha tia - vem a calhar nos dias de tédio quando quero pensar na vida em meio a sociedade não bruxa.

Mommi Bar é até aconchegante. Sexta-feira de jazz é sempre minha preferida, mas ainda não era minha primeira opção. Dois bares menores me cativam mais, um em Soho mesmo que haja ricos irritantes com seus pensamentos falsos e maldosos, ou o pequeno Miss Sunshine no bairro Angel - esse vence - com seus não bruxos bondosos. Mas essa semana eles não abriram.

Mommi tinha muitos sofás aconchegantes, mas eu gostava de me sentar só em um deles, próximo da grande janela, para poder apreciar a rua também.

Hoje está chovendo muito, mas valia a pena conferir o cardápio enquanto minha outra "Eu" está em casa cuidando da pequena Helena, lá em Kiel.

Minha fuga da realidade era assistir casais apaixonados tomando drinks e observar a mudança dos seus pensamentos - eu podia lê-los. Não era ético assistir a intimidade deles mas me distraía e por vezes me fazia rir. Havia boas pessoas que valiam mais que entretenimentos, eram verdadeiras obras de artes ambulantes distraída no caos da cidade, anônimas e discretas em silêncio guardando para si suas experiências incríveis ou apenas tendo pensamentos extraordinários, que cobririam a sociedade de bondade e esperança. Mas eles estavam ali, em silêncio, observando tanto quanto eu a vida passar.

Não vi quando o pianista e o saxofonista chegaram discretamente, mas a música começou a soar suave e amorosa. As vozes foram ficando mais baixas ao toque leve das teclas do piano. O sax parecia chorar, havia melancolia em meio as gotas que escorriam pelo vidro me fazendo lembrar das noites de luto úmidas que ainda me rodeavam. Minhas lamúrias de solidão eram tão comuns que eu já estava acostumada.

Um casal começou a dançar lentamente, eles estavam tristes - e quem não estava?

Pedi um Irish Tea, o de sempre.

- Um prato ou sobremesa para acompanhar,srta?

- Não, Samantha. - Respondi com tédio a a gentil garçonete, mas com um sorriso amoroso, ele merecia.

Samantha me olhava com piedade todas as noites que eu visitava seu ambiente de trabalho. Ela era uma dessas pinturas amorosas e raras no centro de Londres, que se importava com todos. Ela tinha pena de mim e se perguntava porquê eu vivia despenteada e infeliz com olheiras gritantes.

- O músico é novo. - Avisou ela abraçando o aparelho de anotações. - Ele não cobrou nada pela apresentação. Na verdade os dois são bem melancólicos , pediram apenas água, mas se vê que são músicos de verdade, sabem o que estão fazendo .

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