𝙏𝙖𝙘𝙞𝙩𝙪𝙧𝙣𝙤

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- Enfim, boa noite. - Me despedi de Draco.

Ele apenas me olhou com tristeza concluindo sua última nota. Nada mais saiu da sua boca, apenas um adeus com as sobrancelhas e um forçado sorriso piedoso. Eu estava vivendo um período da minha vida em que todos sentiam pena de mim, eu já estava me acostumando.

Já passava das dez quando sai do bar e a chuva lá fora estava mais para uma garoa fina, um pouco atípica para janeiro.

Acendi um cigarro.

Descobri o fumo num bar há alguns meses. Um simples cigarro acendido abaixo de um toldo preto, em uma noite úmida, era capaz de me fazer um agrado. Eu sentia algo bom e nem sabia porque, mas experimentar qualquer coisa buscando um pouco de conforto já era o suficiente.

Alguns becos escuros à frente, dando minha última tragada com os cabelos um pouco mais úmidos, eu desaparatei - me transportei magicamente para a casa da minha avó na Alemanha.

Kiel, chácara Gibbon.

Pelo menos 100 metros da casa da minha avó havia um cercado modesto entre um vasto gramado baixo, em que eu me encontrava com minha versão de 3 horas atrás, desaparatando - desaparecendo após usar o vira-tempo . Eu me via, e toda vez nossos olhares ao se encontrar diziam a mesma coisa : ressentimento.

Eu sabia o que encontraria no futuro mas minha antiga versão não. Eu nunca precisei me alertar de nada, apenas existir.

Entrando em casa, sabia que Helena já estava dormindo. Minha mãe ignorava meus submissos breves naqueles horários e pouco me importava se ela sabia o que eu estava fazendo.

- Carta para você. - Disse ela friamente sem me olhar, sentada no sofá assistindo televisão.

- Essa hora? - Perguntei impaciente.

- Não é problema meu. - Me respondeu com indiferença olhando para a mesinha na porta de entrada da cozinha.

Nossa relação se deteriorava a cada segundo.

Mesmo com a casinha de madeira linda da vovó, estilo celeiro, quadros não mágicos , louças e bibelôs dos anos 40 pendurados pela casa em meio a toalhas de mesa com rendas, ou com crochê, decoração judaica discreta - nada era o suficiente para nos tornamos acolhedoras. Minha avó - não bruxa - vivia uma angústia constante, eu e minha mãe sabíamos, podíamos ler seus pensamentos, mas não fazíamos nada, não conseguíamos nos conectar com ele nem conosco.

Eu peguei a carta sem ler o remetente e subi para o quarto suíte na esperança de ver Helena bem, assim como na noite anterior.

Passei pelo corredor escuro no primeiro andar parando na frente da porta do quarto onde dormia minha avó. Quarto esse que pertenceu ao meu tio, ex Comensal da Morte, morto pelo meu pai, seu próprio irmão - fato esse que jamais iríamos contar a minha avó. Ouvi sua suspirada baixa, de quem dormia profundamente. Dei graças a Deus: ela estava viva.O luto e o trauma se misturavam ainda na minha cabeça.

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