I.

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Boa leitura 📕
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O quão sinuoso é o movimento dos corpos?

Me perguntava enquanto observava meu noivo Theo Bastos passear suas mãos pelo corpo de uma outra mulher. Ambos tão perdidos em seu ato que não notaram minha ressentida presença.

Meus olhos acompanham os beijos desesperados que eram trocados em uma sincronia tão perfeita que Theo jamais conseguiu seguir comigo. Os seios fartos eram apertados pelas mãos inquietas de meu noivo que aproveitava o decote ousado de sua amante.

Quando o educadíssimo Theo proferiu a frase "Irei come-la agora" experimentei duas sensações completamente diferentes, primeiro raiva e segundo frustração pois ele jamais me tratou de tal forma, eu não desejava a vulgaridade, mas ele jamais foi capaz de dizer algo que transmitisse tal paixão quando estávamos juntos.

Observei o ato se concretizar, a mulher de cabelos castanhos recebeu o membro de Theo em seu corpo, notei sua expressão de satisfação ao ser penetrada por ele, uma sensação que de fato nunca me acometeu de tal maneira.

Eu deveria entrar nesse momento, gritar com Theo, acertar uma sonora bofetada em seu rosto e também estapiar minha rival, puxar seus cabelos e depois perguntar a Theo porque ele me traiu com uma qualquer.

Mas, eu não poderia, ele simplesmente salvou minha família da falência, graças a ele nossa rede de bancos Albuquerque's Bank havia se reerguido, sem Theo não teríamos conseguido escapar de uma quebra financeira iminente, além disso ele fora o único homem que realmente me viu, a apagada Clara Albuquerque.

O que realmente me impediu?

Seria amor?

Não seja ridícula, Clara! Você sabe que não o ama, não dessa maneira absoluta.

Eu gosto de estar com ele, aprecio imensamente sua companhia e nossas conversas, gosto do seu jeito tranquilo e educado. Papai também o adora, certamente por ele ter nos salvado da pobreza, pois não existe nada que assuste mais a família Albuquerque do que a pobreza. Então, deixar Theo não era uma opção, eu apenas encararia essa traição como um deslize. Um homem como ele chama muito atenção, tenho sorte por te-lo conquistado.

Suspiro longamente, meu corpo sendo apertado por um justo vestido laranja, eu não devia ter cedido ao gosto de mamãe, essa coisa é simplesmente horrível e justo em lugares que realmente não me valorizam. Vou para parte mais escura da larga varanda, tento abrir o zíper lateral em alguns centímetros para respirar um pouco melhor. O maldito zíper está emperrado, que sorte a minha. Ponho um pouco mais de força e nada, puxo o ar para dentro dos pulmões e mais uma vez empurro o zíper para baixo, ele sede completamente quebrando a ponta deixando a lateral do meu corpo exposta.

— Que droga! - Rezo baixinho para que ninguém apareça agora, porém eu nunca sou atendida, no mesmo instante ouço passos vindo em minha direção.

— Bia? - Uma voz diz.

— Ham... Não. - Digo na esperança de que a pessoa vá embora e me deixe tentar resolver meu problema em paz, mas como sempre não tenho sorte.

— Senhorita Albuquerque? - Meu campo de visão é tomando por um figura alta e de curvas acentuadas, um vestido preto de mangas longas cobre seu corpo elegantemente, ela se equilibra em um salto agulha com tanta desenvoltura que acho quase inacreditável, eu em seu lugar certamente já estaria com o traseiro no chão. Foco para ver seu rosto que se esconde na penumbra. - Lembra de mim?

— No momento não, eu não estou conseguindo ver seu rosto com clareza. - Digo sem graça implorando para que ela não se aproxime.

— Helena Weinberg, presidente da Weinberg Fast. - Claro! Helena Weinberg a mais nova rica de vida duvidosa, sua empresa era responsável pelo desenvolvimento de carros de corrida, ela tentava uma parceria conosco havia um tempo.

— Ah. Olá Senhorita Weinberg. Como vai? - espero que ela não deseje falar de negócios.

— Bem, obrigada. - ela diz em seu tom sempre entediado. - E a senhorita? - Ela completa sem muito interesse na resposta.

— Bem. - Um silêncio incômodo paira no ar, até que ela continua.

— Por acaso você viu a senhorita Bastille, minha sócia?

— Não, eu não a vi. - Digo me encostando ainda mais a mureta de proteção ao sentir meu vestido escorregar. Ela acompanha meu movimento.

— Tem certeza que está tudo bem?

— Sim, sim.

— Por que será que não acredito em você? - Ela se aproxima de mim e seu perfume chega até meu nariz, ela cheira bem. — Vire-se.

— O que? - pergunto atordoada com seu tom autoritário.

— Eu disse para se virar.

— Eu, eu não vou... - Helena segura em meu braço esquerdo com força e me faz girar, a lateral nua do meu corpo pode ser vista agora.

— Como você conseguiu fazer isso?

— Estava muito apertado e eu tentei abrir o zíper alguns centímetros, mas ele acabou abrido totalmente e...

— A deixou praticamente nua. - ela diz divertida. — Eu poderia dizer que lamento por seu vestido, mas eu estaria mentindo, ele é horrível.

— Isso não foi muito educado senhorita Weinberg.

— Vocês ricos civilizados nunca dizem o que pensam, isso me irrita! - ela começa a procurar algo na bolsa.

— A senhorita é rica, muito por sinal!

— Mas não temo dizer o que penso, essas normas de etiqueta me enjoam. - Ela tira de sua bolsa alguns alfinetes.

— Porque carrega tantos alfinetes em suas bolsa?

— Sou uma mulher precavida. Agora segure seu vestido, irei tentar fechar essa fenda com os alfinetes.

Obedeço. A senhorita Weinberg adentrava com os alfinetes em meu vestido de forma habilidosa, vez ou outra seus dedos pálidos tocavam em minha pele me fazendo ter irritantes arrepios, ao todo foram necessários 8 alfinetes para realizar o "concerto" do horrível vestido.

— Isso impedirá que fique nua na frente de meia Rio de Janeiro. - mais uma vez seu humor ácido surge.

— Obrigada.

— Não precisa agradecer, tome! - Ela me passa um casaco, o qual é de ótima qualidade.

— Não é necessário.

— Claro que é, vista logo! - Faço como ela diz. No mesmo instante seu celular vibra. Ela o retira da bolsa e le o que parece ser uma mensagem. — Preciso ir, foi um prazer reencontra-la senhorita Albuquerque. - Ela gira nos calcanhares de forma elegante.

— Obrigada novamente. - Ela olha por cima do ombro e balança levemente a cabeça.

Ela anda confiante em direção a festa, seus quadris se movem de forma sensual, a observo até que ela desapareça do meu campo de visão.

Deixo meus dedos passarem pelo tecido macio de seu casaco, seu agradável perfume permanece nele.

— Clara? - Ouço a voz de Theo.

— Estive procurando por você em todos os lugares.

Aposto que sim.

— Venha, a deixarei em casa.

Apenas segui Theo, sua mão segurava a minha e aquilo me enjoava, ele não percebeu o largo casaco sobre meu corpo, nem mesmo as imperfeições em meu vestido, na verdade ninguém naquela festa me notou, ninguém além de Helena Weinberg.

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Até o próximo cap.

Aulas de Sedução - Clarena.Onde histórias criam vida. Descubra agora