O6.5 EXTRA

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Prija e Rune Sophonpatima

A rua estava silenciosa ao redor da mulher. Não há movimento de carro ou pessoas voltando tarde da noite para casa.

Quando Prija e Rune eram adolescentes, a rua costumava ser agitada devido às reuniões de amigos que eles frequentemente faziam em casa por não terem os pais presentes. Não eram festas irresponsáveis, mas eram divertidas. No último ano do ensino médio, as festas em casa pararam. Reuniões responsáveis em uma rua segura se tornaram festas em boates com barulho alto, pessoas embriagadas e brigas entre caras por motivos bestas. Foi quando a rua voltou a ser silenciosa; quando Rune saiu de casa e Prija frequentava boates.

Naquela época, ela tentava preencher o vazio tendo um enorme grupo de amigos. É engraçado que ela nunca mais viu aquelas pessoas. Na faculdade, os poucos que se matricularam na mesma instituição que Prija, bom, eles mal se cumprimentavam. A única pessoa que ficou foi Sinn. Prija teve a amizade estranha de Sinn durante toda a vida, desde que elas eram crianças. Seria estranho não tê-la em sua vida e não, engraçado.

Prija olha em volta, o celular pressionado no ouvido, a demora para Rune atendê-la e o silêncio na rua a deixa impaciente. Ela nunca achou que voltaria a morar nessa rua. Ela nunca achou que um dia amaria alguém que a machucaria fisicamente e mentalmente. Mas ela sempre soube que algum dia enfrentaria o karma da vida, porque ela sabe que não é uma pessoa fácil de lidar.

Essa é a quarta vez nesta semana? Que horas são aí? Três da manhã? Você deveria falar com a mamãe sobre suas insônias ou, quem sabe, um psiquiatra?

Rune finalmente atende o celular, e o silêncio do outro lado da linha faz Prija questionar se ele também se sente estranho com a falta de barulho, vida, qualquer coisa.

— Tiwson está namorando — ela diz, não cumprimentando-o como deveria. As palavras apenas deixam sua boca com rapidez, como se estivessem entaladas há tempos.

Rune ri, sem entender. Prija sente falta da risada do irmão. Faz meses que ela não vê Rune pessoalmente, e Prija sempre correu para Rune. Ela está tentada a pegar Malee, fazer as malas e apenas ir vê-lo como normalmente faz no aniversário de Malee todos os anos. O aniversário da filha é em algumas semanas, só mais algumas semanas... e ela pode se permitir correr.

Você me ligou para falar que Tiwson está namorando?

Prija revira os olhos, mesmo sabendo que Rune não está vendo-a.

— Não seja um idiota, você já me ligou de madrugada para falar sobre um cachorro de rua.

Ele era fofo, Prija — resmunga o irmão mais velho, com estranheza — Esse tipo de fofura precisa ser mostrada ao mundo.

— E o nosso irmão mais novo está namorando — repete Prija, mantendo a voz séria. Ela não se lembra quando foi a última vez que falou com Rune sobre Tiwson, sobre o irmão deles.

E...? — A linha fica em silêncio, ambos sem saber o que dizer de imediato. — Sua voz está estranha, você parece tensa, maninha. O que foi? A garota é uma péssima pessoa? Não me diga que ela também destratou Malee?

— ... é um garoto.

O silêncio dessa vez é tenso. Prija conhece Rune o suficiente para saber que ele está absorvendo assim como ela absorveu quando soube de Tiwson.

Nossos pais sabem? — questiona Rune, com a voz mais baixa.

— Ele contou a eles alguns dias atrás.

Juntos ou separados? — A diversão parece voltar para a voz de Rune e Prija quer xingá-lo. Por que, como ele consegue? Se ela for honesta, ela sabe como. Rune nunca está aqui. Ele apenas vê a vida deles através de uma tela de celular. — Eu queria ter visto as reações deles. Lembra quando você se assumiu? Mamãe ficou olhando para a parede por uns cinco minutos. Depois ela ligou para o papai e ele saiu correndo do hospital para saber se você estava falando sério. Foi hilário.

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