Nestes últimos dias, dormitava pouco, andava ansioso demais para dormir, o Aursnes dizia que fazia-me mal não dormir, mas não tinha propriamente controlo sobre o assunto.
Não estava a caminho das férias, nem ela das dela, e o mais horrível era que só teríamos ambos férias parecia que no dia de São Nunca a Tarde, estava no Seixal, pronto para mais um dia, mas não estava pronto. Soa contraditório porque é de facto.
O dia estava pronto para nascer e passar, e eu estava só acordado para estar no modo automático e rezar para que isso não me afetasse, mas afetava infelizmente e isso mostrou-se nos treinos.
Ao final do treino foi chamado pelo Mister Roger.
- Schjelderup, tu és um ótimo jogador, mas ultimamente não sei o que se anda a passar contigo, andas distante, não pareces estar cá, isso tornou-se recorrente, quero acreditar que é apenas uma má fase e que vais recuperar, mas não posso estar sempre a acreditar nisso, num talvez, ou acordas ou regressas para os sub-19, a escolha é tua. Vai para casa e volta na Segunda-Feira, na segunda-feira quero-te acordado, fresco, e se mantiveres o modo automático ligado, já sabes. - disse e desapareceu do meu campo de visão, volto a entrar nos balneários e ainda estavam lá quase todos, menos o Neres.
- Então levaste muito na cabeça? - Pergunta o Casper e eu apenas agarro nas minhas coisas e saiu, quem veio atrás de mim, não foi quem era de custume o Aursnes, foi o António.
- Vieste-me chatear? Não estou com disposição. - digo talvez um pouco ríspido.
- Não! Andreas, vim só dar-te um conselho, posso? - Afirmo. - Porque não vais tu a Noruega, tens Quinta, Sexta, Sábado e Domingo, se ela não vem vai tu! - disse.
- É uma ideia!
- Faz-lhe uma surpresa, apanhas um avião e vai, vê a tua família, vê a tua namorada e vai! - Sorri.
- Obrigado! - digo e ele sorriu a voltar para o Balneário, era isso mesmo que iria fazer, apanhar um avião e seguir para Bodø, ele tinha razão, eu precisava estar com ela, estar com a minha família, precisava! E era isso mesmo que iria fazer, compro a primeira passagem que encontro, e parto nessa mesma tarde para a Noruega, sabia que estava a cometer uma loucura, ir sem avisar, mas ela fez-me o mesmo.
Preparo uma mala rápida e vou para o aeroporto de Lisboa, arranco sem nem pensar duas vezes.
Hoje ainda não lhe tinha ligado, o que era de estranhar, mas já que iria vê-la, não estava a preocupar-me muito, deixei os meus nervos para trás, e neste momento estava mais acordado que nunca.
Não consegui pregar olho nas 6 horas de voo, estava em pulgas, o suor escorria pela minha cara, como tivesse acabado de fazer um treino intenso de 4 horas sem parar, o meu coração acelerado estava a fazer com que o meu peito doesse só para respirar. Estava já com dores de cabeça, pelas noites mal dormidas e agora com a ansiedade de a ver. E agora mais que tudo, queria apenas isso, estar com ela e ela carregar-me a bateria toda.
(...)
O cheiro a mar, fez-me relembrar bons tempos, as ruas limpas as pessoas nos seus mundos, mas bem educadas, já tinha saudades disso.
A nossa rua, mantinha-se igual, apesar de agora estar menos barulhenta, estava de regresso a casa, o clima estava agradável apesar de fazer-se frio, agora ali na porta da minha casa, percebi que para ela não deveria ser fácil, bato a porta e ouço um breve "Já Vou", por parte da minha mãe, deixei-me sorrir, fiquei nervoso apenas por ouvir a sua voz, quando fizemos contacto visual, sinto lágrimas descerem-me pelos olhos, os olhos azuis dela, mantinham-se abertos, mas agora a ficar vermelhos, ela puxa-me para um abraço apertado, e eu sorri a retribuir ao abraço.
- Andreas, que bom voltar a ver-te meu filho! - disse assim que conteve as lágrimas que teimavam em cair.
- Tive que vir. - digo, mas não lhe explico o motivo por estar ali, que verdadeiramente era apenas saudades de todos.
Converso uns 40 minutos com os meus pais e eles dizem-me que o Emil estava na Alemanha, isso já sabia.
- Vou ter com a Danielle... - digo.
- Ela saiu, deve estar com o Kristian e a Adriana. - disse e eu já conhecia bem a Adriana, viraram melhores amigas antes do Kristian as apresentar.
No parque onde custumavamos ir, vejo o casal, mas não vejo a minha namorada.
- Andreas? - disse com um sorriso, mas rapidamente olhou para mim confuso.
- O que foi? - Pergunto confuso.
- Não soubeste? - Pergunta a Adriana.
- Se ele soubesse não estaria aqui! - disse o Kristian.
- Achas que ele não sabia?
- Vocês podem não falar em código? - Interrompo o casal.
- A Danielle... - Sou interrompido pelo telemóvel e vejo o número da Danielle a brilhar, se não tivesse tão confuso, diria que estamos em países diferentes neste exato momento, mas estou demasiado confuso para pensar em alguma coisa.
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MY BEST FRIEND | Andreas Schjelderup
General FictionFriends to Lovers Melhores amigos de Infância, quase irmãos, mas como uma mudança de país da parte dele, pode afetar a vossa relação afetiva? Espero que gostem de mais uma história ❤🤍❤