Capítulo 24

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Amanda Meirelles

A voz da Cecília não tava nada boa na ligação, certeza aconteceu alguma coisa séria.

Caminho até a sala dela nervosa e desenvolvendo mil teorias na mente. Será que serei demitida?

O Antonio não me dispensaria do trabalho só porque eu não quis transar com ele, dispensaria?

Mil coisas passam em minha mente e nenhuma delas são boas. Respiro fundo quando finalmente me encontro em frente a sala da secretária pessoal do meu chefe.

-Oi, licença!

-Entra e fica a vontade. Quer um café, uma água?

-Não. Obrigada! Aconteceu alguma coisa? Tô um pouco ansiosa, você não tá com uma cara nada boa.

-Na verdade sim e eu vou precisar da sua ajuda.

-Pode falar, eu tô aqui pra ajudar.

-A mãe do Sapato descobriu recentemente uma doença grave que já está em um estado avançado. Sapato e Mário estão fazendo o possível para que ela tenha o melhor tratamento e se recupere, mas infelizmente ela não tem melhora. Ontem a noite ela fez um pedido a Mário, que seria levar o Sapato até lá, pois ela deseja passar seus últimos dias de vida com os três filhos. Porque além dos dois meninos ela também tem uma filha.

-Meu Deus! Não quero nem imagina o desespero que eles devem estar. Mas os médicos já disseram que é realmente os últimos dias de vida dela?

-Na verdade não. Eles estão trabalhando duro para que o corpo dela reaja e se recupere. Mas ela diz que não aguenta mais.

-Que situação desesperadora, Cecília.

-Sim. O Sapato não pensou duas vezes, me pediu para comprar uma passagem imediatamente para João Pessoa e me encarregou junto com o Fred para cuidar de tudo. Mas claro, a nossa maior preocupação é ele. E é aí que você entra.

-Pode falar, eu tô aqui pra ajudar.

-Infelizmente eu e o Fred não poderemos acompanhar o Sapato nessa devido a ausência dela e o Mário, temos que cuidar da empresa, é inviável que nós dois nos afaste também. Então eu pensei em você ir com ele.

Suas palavras me pegaram de surpresa. Não fazia o menor sentido eu ir com ele. Nem amigos somos.

-Desculpa, Cecí. Eu quero muito ajudar. Mas não faz sentido eu ir acompanhando ele. Eu e o Antonio vivemos como cão e gato.

-Todo mundo aqui sabe que isso é só farsa, Amanda. Você dois se dão bem e todos sabem disso. Você consegue acalmar o Sapato de uma maneira que eu que sou melhor amiga dele a anos, não consigo. Sem contar que isso também vai fazer bem pra você. Lari me contou que você ainda tá com problemas com seu ex, seria interesse você sair um pouco da cidade.

-Nisso você tem razão. Mas ainda não sei se é uma boa. Quanto tempo seria? E os meus atendimentos?

-Com certeza não será por muito tempo. Logo a Dona Wilma melhora e ouvi a Beta comentando que se não houver melhora em uma semana, trarão ela para o Rio de Janeiro. Sobre seus atendimentos, contrataremos uma fisioterapeuta substituta e te repassaremos os valores normais, como se você ainda tivesse atendendo.

-Você realmente acha que isso é uma boa Cecí? Não quero piorar a situação pra ele.

-Eu tenho certeza, Amanda.

-Tudo bem. Eu vou. Quando eu embarco?

-Hoje ás 16h. inclusive você já tá liberada para preparar sua mala.

-Hoje? A passagem já tá comprada?

-Sim. Eu comprei junto com a do Sapato.

-E como você sabia que eu iria?

-Eu te conheço, Amanda. Conheço esse seu coraçãozinho mole.

Antonio Cara de Sapato

Não era daquela maneira que eu esperava terminar aquela noite. Eu queria mesmo era ter transado com ela novamente e sentindo a sensação que só ela sabe causar em mim.

Mas enfim, entendi que preciso respeitar ela acima de qualquer joguinho. Se ela realmente quiser o mesmo que eu, ela falará.

Penso em ir a uma casa noturna quando saio de lá, mas não me sinto animado para isso. Como irei fuder outra mulher se tudo que passa na minha cabeça é uma única pessoa bem especifica?

Decido então ir para casa totalmente frustrado.

Nos últimos dias não tive o prazer de esbarrar com ela, talvez ela esteja fugindo. Talvez ela realmente não queira contato comigo e eu preciso entender isso.

Nunca fui de correr atrás de mulher, não será agora que eu terei que correr.

Terça á noite decido sair, preciso me distrair um pouco. Mas antes mesmo de dar partida no carro, meu celular toca notificando uma ligação do meu irmão.

-Juninho?

-Oi Dindinho, aconteceu alguma coisa com a mamãe?

-Ela não tá muito bem. Os exames mostram que a doença dela só se agrava. Ela pediu pra que eu te ligasse, ela quer viver os últimos dias de vida dela com nós dois.

-Ela não pode morrer, Dindinho. NÃO PODE! –Grito dando um soco no volante carro.

-Se acalma. Não temos tempo para arranjar mais problema, o foco agora é a mamãe e não você. Será que você pode agir como um adulto uma vez na vida?

-Eu tô indo pra aí. Vou só comprar a passagem, pego o primeiro voo para João Pessoa.

-E sua recuperação? Vou ver com a Beta a possibilidade da sua equipe te acompanhar.

-Foda-se a minha recuperação. A única coisa que importa como você já disse, é a mamãe. E eu não quero ninguém comigo nesse momento.

-Tá bom. Como você achar melhor.

Falei com a Cecília para que ela comprasse uma passagem para ainda hoje, mas ela me informou que infelizmente a passagem mais próxima que tinha era amanhã ás 16h, então não tive outra alternativa que não fosse esperar.

Antes de dormir, abro o perfil da Amanda no instagram e sinto uma imensa vontade de lhe mandar mensagem.

Sua presença me faz esquecer qualquer outra coisa e me acalma de uma maneira inexplicável.

Mas mesmo que eu deseje intensamente falar com ela, decido não fazer isso.

Preciso respeitar ela.

No dia seguinte depois de uma noite em claro, finalmente chegou a hora do voo. Estava quase chegando a sala de embarque, quando escuto a voz da Cecília me chamar.

Viro-me em sua direção e me surpreendo ao ver de quem ela está acompanhada.

-O que vocês estão fazendo aqui?

-Amanda vai com você. Não tem como a gente deixar você ir sozinho, sem contar, que você não pode ficar sem fisioterapia. E não adianta discutir, já estar tudo certo. –Cecília fala de maneira autoritária e eu sei que não há discussão.

-E tá tudo bem pra você, ter que viajar comigo, Amanda? –A encaro lhe perguntando de maneira sincera.

-Tá sim. Vou adorar conhecer João Pessoa, mesmo que nesse momento não seja a passeio.

-Então tá. Não tô com cabeça para discutir, já está na nossa hora. Vamos?

-Vamos! –Ela me dá um sorriso doce que me faz sorrir de volta. Mas que porra essa mulher faz comigo?



Tava aqui pensando em fazer uma maratona, o que vocês acham? Me contem aí nos comentários. Aproveitem e me contem o que vocês acham que vai rolar a partir de agora,

love and hate Onde histórias criam vida. Descubra agora