Capítulo 37

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Antonio Cara de Sapato

Eu praticamente havia parado de raciocinar direito. Minha mente girava em torno de um único pensamento.

O quanto minha verdadeira mãe sofreu.

Ela enfrentou toda sua família, saiu do conforto da sua casa, mudou para outra cidade, criou o filho sozinha, tudo isso por um homem que foi incapaz de assumir ela.

E pra piorar, esse homem é o meu pai.

Caminho até o carro em um completo choque. Amanda entende o que acontece e respeita meu silencio.

-Deixa que eu dirijo, você não tá muito bem pra isso.

-Relaxa! Eu to bem.

-Deixa de ser teimoso. Eu vou dirigindo. –falou tomando a chave do carro da minha mão. Como eu sabia que não adiantava discutir, entrei no carro em silencio.

O caminho até o hotel foi um completo silencio. Minha mente não consegui parar. Imaginava inúmeras coisas que podia ter acontecido com Helena todos esses anos.

Mas a pior de todas, era imaginar que ela poderia não está mais viva. E eu não lhe conheceria.

-Se você quiser falar sobre o que tá sentindo, eu to aqui pra ouvir. Se quiser se manter em silencio, saiba que eu irei respeitar. –Ela falou com sua voz doce que faz meu coração respirar.

Havíamos acabado de chegar no hotel e tudo que eu queria era deitar e estar dentro dela novamente. Pois quando eu estou dentro dela, nenhum problema me atinge.

Mas sei que não posso resolver as coisas assim, preciso enfrentar tudo de frente e conversar com a Amanda sobre certamente me fará bem. E me ajudará a clarear a mente.

-Eu só consigo pensar no quanto a Helena deve ter sofrido. A vida toda eu desejei tudo de ruim pra ela. Eu acreditava que ela tinha me abandonado, Amanda. Eu imaginava que ela era a pior pessoa do mundo. Quando na verdade, ela foi vitimas das duas pessoas que eu acreditava ser meus anjos da guarda.

-Eu entendo a sua angustia e eu queria muito poder fazer algo que tirasse toda dor que você tá sentindo de dentro de você. Mas eu não sei o que fazer. Infelizmente. –Ela fala triste e eu a puxo para um abraço. Onde consigo aliviar um pouco mais toda essa dor.

-Obrigada por está aqui, Amanda. Ter você ao meu lado tem me ajudado muito e eu nem sei como te agradecer por seu tão incrível comigo. –Me afasto um pouco para olhar em seus olhos e a beijo.

Amanda Meirelles

Caímos exaustos na cama após atingirmos o ápice do prazer juntos. E com os corpos entrelaçados, permanecemos em silencio por alguns minutos, até eu decidir tomar banho e ele ir em seguida.

-O que você pretende fazer a partir de agora? –O indago encarando ele sair do banho, somente com uma toalha enrolada na cintura e sua musculatura da barriga exposta.


-As informações que seus pais me deram serão muito úteis. Pretendo procurar a família da Helena amanhã. Talvez eles tenham alguma noticia ou pista de onde ela deve está.

-Você tem razão. Amanha cedo iremos para Conceição da Feira então?

-Sim.

Me mantenho em silencio por alguns minutos, enquanto termino de passar hidrante em meu corpo e pensar na situação.

Acredito que a viagem de amanhã será inútil. Se Helena não quis da noticias nem para minha mãe que era sua amiga e nunca lhe fez mal, não daria para sua família que virou as costas para ela, no momento em que ela mais precisou.

Mas decido não compartilhar esse pensamento com Antonio, não quero ele sem esperanças.

-Amanda?

-Hum.

-Você acha que Helena pode está morta? –Percebo seu tom de voz falhar e sei que ele quer chorar.

-Ei? –Me aproximo lhe abraçando e automaticamente ele me envolve em um abraço e encosta a cabeça em meu ombro começando a chorar. –Ela está viva Antonio. Nada acontece por acaso, se abriu aquela caixa antes do tempo, é porque o cara lá de cima queria que fosse assim. Você terá chance de conhecer sua mãe e viver muito momentos ao lado dela.

-Eu espero que sim.

-Agora vamos dormir, que amanhã é um dia longo.

-Voce tem razão. Conseguiu falar com sua mãe? –Me indagou se desfazendo do abraço e caminhando até a cama.

-Sim. Ela me repassou todas as informações que iremos precisar, inclusive o nome dos seus avos.

-Acho que será bem fácil de achar então.

-Mas ela me falou também que ambos já faleceram. Seu avó faleceu a oito meses atrás e sua avó a cinco.

-Será que Helena não veio para o velório dos pais? –Me indaga esperançoso.

-Amanhã saberemos, lindo. –A ultima palavra sai de maneira automática e eu temo pela reação dele. Mas quando lhe encaro, ele se encontra com um sorriso imenso no rosto que me acalma um pouco mais.

Me contem o que estão achando, adoro ler 🫶🏻

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