Capítulo 4

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  — Ei — alguém estava me cutucando. — Bela adormecida! 

  Era a voz dele. Abri os olhos imediatamente e Dylan estava me olhando. 

  Que horas eram? Parecia que eu estava dormindo havia uma eternidade. Olhei pela janela e ainda estava de noite, provavelmente era madrugada. 

— O que você tá fazendo? — perguntei, esfregando os olhos. 

Ele sorriu de forma preguiçosa.

— Não quer aproveitar nosso último dia aqui? — indagou. — Tenho um lugar para te mostrar. 

  Mal podia imaginar como Megan reagiria quando descobrisse o que acontecera entre mim e Dylan. Eu já deveria ter contado a ela mas não tive tempo. Devia ser umas três horas da manhã mas, sair dali... com Dylan? Não pensei duas vezes ao me levantar e o seguir. Dylan abriu a porta com cuidado para que John e Megan não acordassem. 

  Assim que saímos porta afora, indaguei logo:

— Pra onde estamos indo?

— Logo você vai ver — ele sorriu, segurando minha mão.

  Estremeci. Apesar de eu gostar muito de Dylan, uma coisa fora do normal, era muito estranho todo aquele apego. Eu só não estava acostumada com alguém se importando demais comigo, mas eu teria que me acostumar se quisesse estar com ele. E além do mais, parecia tão certo...

  Não demorou muito até que eu senti o cheiro salgado e, logo em seguida, o cheiro foi impregnando-se em meu nariz. O barulho longínquo das ondas quebrando invadiu meus ouvidos. 

  Eu já tinha estado ali com Megan uma vez, tínhamos passado o dia inteiro na praia e depois estávamos sim bronzeadas, mas não aguentávamos tocar em nada. Foi uma coisa que se tornou em piada mais tarde, mas no dia foi bem ruim. 

  Era tão estranho que ele estivesse me levando para a praia às — olhei para o relógio — três e meia da manhã. 

  Dylan estava com uma expressão diferente no rosto, como se todo o medo — se é que podia ser chamado assim — que ele sentia antes, tivesse se transformado em coragem. Isso era bom, eu acho. Sendo sincera, eu não tinha mais certeza de nada mas preferia acreditar que tudo ficaria bem a partir dali. 

  O mar estava à nossa frente. Ele foi caminhando pela a areia da praia e se sentou próximo a marcas de ondas na areia da praia. Eu fiz o mesmo, sentando ao lado dele. 

  Dylan me abraçou, espalhando um calor pelo meu corpo, aquecendo-me naquela noite fria.

— Sabe — ele começou. —, eu tinha medo de que depois do que aconteceu ontem você não estivesse mais aqui — seu olhar era sério.

  Tínhamos mesmo que falar disso? Estávamos bem, o que custava curtir o momento?

— Por quê? — perguntei, dando de ombros, tentando não fazer com que a pergunta pesasse demais o assunto.

  Ele não respondeu, apenas permaneceu sério. Odiava quando ele fazia aquela expressão, de quem sabia demais e não podia falar nada. Eu me sentia muito deslocada quando ele ficava assim.

— Dylan — chamei. —, o que você não está me contando? — perguntei tão séria quanto ele estava. — Eu posso entender se você me explicar.

— Ainda não — falou. — Não posso te contar nada por enquanto — ele disse, com os dentes cerrados.

   Seus olhos estavam mais escuros do que o normal.

  O fato de ele não me contar simplesmente me deixava irada, mas eu não queria estragar o momento com uma briga que poderia ser, pelo menos, adiada. 

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