Capítulo 8

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— Eu não sei por onde começar — disse ele, sentando-se no chão com as costas encostadas na parede da casa de Megan.

Eu me sentei ao seu lado, mas não tão perto. Os olhos de Dylan percorreram toda a sala de estar e depois pararam sobre mim.

— Há tanto para ser dito — reclamou ele, cerrando os punhos.

Meu corpo estava enrijecido e meu coração ficava mais acelerado a cada palavra que Dylan dizia. Eu tentei falar algo, mas as palavras simplesmente não saíam.

Dylan continuou:

— Sabe o livro que eu estava lendo? — perguntou, passando a mão em sua testa.

— Anges et Sorcières — falei, forçando um sotaque que parecia extremamente ridículo, mais ainda em voz alta.

Ele assentiu e respirou fundo antes de continuar:

— Você sabe o que significa? — indagou Dylan.

— Humm. Anjos e Bruxas?

As perguntas dele estavam me deixando irritada. Afinal, eu quem deveria estar questionando alguma coisa ali.

— Há muitos anos atrás, eu fui amaldiçoado — ele começou, fazendo com que eu prendesse a respiração. — porque me apaixonei.

Eu sabia o que ele ia falar. Em algum lugar de minha memória, eu sabia mas não conseguia lembrar — o que fazia minha cabeça latejar. Sempre que eu tentava juntar as peças, sempre que eu começava a me lembrar, minha cabeça doía muito.

— Jennifer — ele falou, esticando o braço para tocar no meu rosto mas depois o abaixou, hesitando. — Eu sou...

— Um anjo — completei, surpreendendo-me com as minhas próprias palavras.

Dylan fechou os olhos, ficando pálido.

— Você sabia? — indagou, sem parecer muito surpreso. Dylan ainda estava com os olhos fechados e levou a sua mão direita à testa mais uma vez.

— Mais ou menos — falei, sentindo-me incrivelmente ridícula pela minha resposta. Eu não estava mais tão nervosa, mas aquilo tudo ainda era muito confuso. — Quer dizer... eu vi asas em você. Na hora eu não tive certeza que aquilo era real — eu olhei para ele. — mas agora eu sei que sim — desviei os olhos para a sala de estar, e depois voltei os olhos para Dylan. — E eu também fiz algumas pesquisas — dei de ombros, tentando diminuir a importância do que eu tinha acabado de falar e então me dei conta de que eu deveria estar parecendo uma stalker, mas não foi tão de propósito que eu fiz isso. Ok... Talvez pudesse ter sido totalmente de propósito, mas não vinha ao caso.

Dylan abriu os olhos, olhando diretamente para mim. Ele não parecia nada bem, mas suspirou de alívio.

— Então — continuou ele, mais alto do que eu esperava. — Você deve saber que anjos não podem se relacionar com humanos além de amizade — ele olhou para o teto e deixou a cabeça pender para o lado. — Menos ainda se apaixonar por um humano — suspirou Dylan, endireitando a cabeça para me olhar.

Meu coração começou a bater ainda mais forte naquele momento. Minhas pernas tremiam.

— E eu fui castigado quando me apaixonei por você. Foi um erro — ele disse, franzindo o cenho. — Um erro do qual eu não me arrependo.

Minha cabeça estava latejando e eu passei a mão pelos meus cabelos.

— Você foi castigado com uma maldição, certo? — eu perguntei, tentando ligar os pontos e recordando de quando ele dissera que foi amaldiçoado quando se apaixonou. Meus dedos estavam gelados e minha respiração rápida e curta.

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