Iminente

Capítulo 5

Estava na hora de ir embora. Olhei para Megan, que por sua vez estava abraçando John. Ela e eu estávamos nos falando um pouco, embora ela estivesse brava — com razão. 

— Tchau — falou, soltando-se de John e me dando um abraço rápido.

— Até amanhã — eu disse, sentindo-me ainda um pouco desconfortável, enquanto abraçava Megan de volta.

  Eu sempre fui péssima com despedidas, mas não era grande coisa já que nos veríamos amanhã, na escola. Dylan estava arrumando sua mochila para ir também.

  Minha mãe já estava no carro esperando por mim e Dylan me puxou, abraçando-me e encostando os lábios na minha testa. 

  Tentei guardar cada segundo na minha memória, queria me lembrar disso.

— Tchau — ele sussurrou, me abraçando um pouco mais forte. Seu toque era sempre tão terno.

— Tchau — falei, sorrindo.

  Mamãe buzinou para que eu me apressasse. Esforcei-me para afastar meu corpo do de Dylan. 

  Era tão bom tê-lo por perto... 

  John acenou, também não demoraria muito para ele ir embora. 

  Vesti minha mochila e caminhei em direção ao carro.

— Quem era aquele? — perguntou mamãe, antes de eu sequer abrir a porta do carro. 

  Senti minhas bochechas corando. 

  Sempre tive um relacionamento muito bom com meus pais, então eles sempre sabiam quando eu estava afim de alguém ou qualquer coisa do tipo. Mas ainda assim, sentia um pouco de vergonha em tocar no assunto. Sempre esperava que o fizessem primeiro.

— Um amigo — falei, entrando no carro e olhando uma última vez para Megan — que se recusava a olhar para mim. 

  Eu não estava mentindo, ele era meu amigo antes de qualquer coisa. Eu estava apenas não contando tudo... Ainda não.

  Minha mãe limpou a garganta, mas não falou nada.

— Mãe — chamei. —, será que poderíamos passar na biblioteca? — fiz para ela os melhores olhos pidões que eu conseguia. — É rapidinho! — insisti.

  Ela riu, assentindo.

— Não precisa fazer essa carinha quando se trata de livros.

  A tal biblioteca era apenas para alunos da minha escola — uma das melhores da cidade, segundo o outdoor enorme que tinha ao lado da estrada onde estávamos. Não demorou até chegarmos lá, era no caminho de casa.

  Desci do carro apressadamente, queria encontrar o livro que Dylan estava lendo, agora mais do que nunca.

  Um cara de camisa azul escura que trabalhava no local estava sentado, observando o movimento e eu andei em direção a ele.

— Boa tarde — falou ele, formalmente. — Posso ajudá-la?

— Sim — falei, deixando mamãe esperando no carro.

  Puxei um papel do meu bolso, estava rabiscado com o nome:

  Anges et Sorcières.

  Mostrei o papel ao homem e falei:

— Originalmente o livro é francês, mas vocês teriam alguma cópia em português? Significa "Anjos e Bruxas". 

  O rapaz levantou as sobrancelhas, franzindo a testa. Seus olhos estreitaram-se olhando para o papel.